Folha de S. Paulo


Com baixa de 40%, minério de ferro vive fim da era dourada

Com uma baixa de 40% em 2014, o minério de ferro vive o fim de sua era dourada. É assim que alguns analistas avaliam o atual patamar de preço do commodity, que nesta quinta (11) valia US$ 81,90 no mercado à vista chinês.

A cotação é a menor desde 22 de setembro de 2009, ano marcado pelos efeitos da crise financeira global.

Iniciada no final de agosto, a sequência de baixas do minério é provocada por aumento na oferta do produto e por uma expansão mais lenta da demanda na China.

O país asiático importou 74,9 milhões de toneladas de minério de ferro em agosto, 9% menos do que em julho. Os dados, divulgados nesta semana, ajudaram a levar o minério ao menor patamar dos últimos cinco anos.

Mas, para alguns analistas, a queda não está relacionada apenas aos soluços da demanda chinesa, mas também a um novo perfil de produção.

"Na nossa visão, 2014 é o ponto de inflexão onde novas capacidades finalmente alcançam o crescimento da demanda, e as margens de lucro começam uma reversão ante a média histórica. Em outras palavras, o fim da era do ferro chegou", diz Christian Lelong, analista do Goldman Sachs, em relatório.

O analista se refere aos novos projetos de grandes mineradoras, que, nos últimos anos, investiram bilhões visando o baixo custo. É o caso da Vale, que consegue colocar o seu minério nos portos da China, seu principal mercado, por aproximadamente de US$ 50 por tonelada.

Assim como a brasileira, outras mineradoras investiram em projetos com logística integrada para reduzir os custos e garantir mercado. São elas que devem prevalecer na nova era do setor, pois os preços não devem voltar aos US$ 130 do final de 2013.

Mesmo que produtoras menores na China confirmem as expectativas e encerrem a sua produção, as cotações não devem se recuperar de forma significativa, avaliam os analistas do banco Santander.

Considerando só as cinco maiores produtoras globais, eles preveem uma oferta adicional de 167 milhões de toneladas de minério em 2014 e de 125 milhões em 2015.

Apesar da perspectiva favorável para a participação de mercado da Vale no futuro, ela sofre na Bolsa com a queda do minério. Na quinta, suas ações preferenciais fecharam quase estáveis, mas caíram 10,8% em agosto e já perdem 3,77% em setembro.


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