Folha de S. Paulo


Após morte do pai, Ana Botín é eleita nova presidente do Grupo Santander

O conselho de administração do Santander elegeu por unanimidade Ana Patricia Botín como nova presidente do banco, após a morte de seu pai, Emilio Botín. A informação está em comunicado enviado para a Comissão Nacional de Mercado de Valores espanhola.

"Ela é a pessoa mais idônea, dadas suas qualidades pessoais e profissionais, sua experiência, sua trajetória no grupo e seu unânime reconhecimento nacional e internacional", diz a nota.

No comunicado, Ana Botín, que liderava os negócios do Santander no Reino Unido, agradeceu a confiança do conselho de administração em "um momento tão difícil" para a família.

"Assumo com total compromisso minhas novas responsabilidades. Durante anos, trabalhei no grupo Santander em diferentes países e pude comprovar a enorme qualidade e dedicação de todas nossas equipes", disse.

Paul Hackett/Reuters
Ana Botín, filha de Emilio Botin, que assumiu a presidência do Santander nesta quarta-feira (10)
Ana Botín, filha de Emilio Botín, assumiu a presidência do Santander nesta quarta-feira (10)

TRAJETÓRIA

Ana Patricia Botín foi nomeada conselheira do banco pela primeira vez em fevereiro de 1989. Desde 1992, ela é diretora geral da instituição e atualmente era conselheira delegada da filial do Santander no Reino Unido.

Entre 2002 e 2010, a filha de Emilio Botín foi presidente executiva do Banesto, banco espanhol comprado pelo Santander em 1994, antes de ir para a Inglaterra. Além disso, Ana Botín também é conselheira da Coca-Cola.

O Santander do Reino Unido afirmou que seu conselho se reunirá na próxima semana para escolher um novo presidente-executivo.

O banco informou que Nathan Bostock, vice-presidente do Santander no Reino Unido, que entrou para a instituição no mês passado, será responsável por supervisionar as operações e a estratégia na fase de transição.

Bostock é considerado o favorito para suceder Ana Botín.

SANTANDER BRASIL

O Brasil tem se tornado um mercado menos atraente para o banco espanhol, mas sua subsidiária nacional foi responsável por 23% dos lucros atribuíveis ao grupo no ano passado, o equivalente a 1,577 bilhão de euros.

A participação brasileira na composição dos lucros do grupo ainda é a maior, mas caiu três pontos percentuais em 2013. No segundo lugar, está a unidade do Reino Unido, com 17%. A Espanha, sede do banco, foi responsável por apenas 7% dos ganhos em 2013.

No ano passado, o lucro do banco no Brasil recuou 29,7% em comparação aos 2,188 bilhões de euros obtidos em 2012.

Comparando a distribuição dos ativos, no entanto, o Brasil tem menor significância. Enquanto 29% dos bens do grupo está no Reino Unido e 25% na Espanha, o país só possui 12%.

O Santander é o quinto maior banco privado do Brasil e o sexto da lista, se considerado o BNDES. No segundo trimestre de 2014, a entidade registrou lucro líquido de R$ 527,5 milhões no país, com um acréscimo de 5,35% em comparação com igual período do ano passado. A carteira de crédito do banco no país somou R$ 279,2 bilhões ao fim de junho.

O Santander Brasil encerrou o ano passado com 29,5 milhões de clientes, 3,5 mil agências e 16,9 mil caixas eletrônicos. A subsidiária foi responsável por 10% dos empréstimos ao consumidor realizados pelo grupo Santander.

SUCESSÃO

O espanhol Emilio Botín, presidente do Grupo Santander, morreu na noite de terça-feira (9), aos 79 anos vítima de ataque cardíaco.

Nascido em 1º de outubro de 1934, em Santander, Botín foi herdeiro da tradição financeira de sua família, já que seu avô e seu pai também foram presidentes do banco. O executivo começou a dirigir a entidade bancária em 1986 e foi um dos responsáveis pela sua expansão internacional.

Formado em Direito e Economia pela Universidade de Deusto, Emilio Botín ingressou aos 24 anos no Santander. Em sua carreira na companhia, Botín passou por diversos cargos, dentre eles o de conselheiro (1960), diretor-geral (1964) e vice-presidente (1977). Nove anos depois, com a saída de seu pai da presidência, Botín passaria a comandar o Grupo Santander globalmente.

Sua gestão se caracterizou pela estratégia de conquista do mercado internacional e por um processo de fusões e aquisições nacionais para conseguir a liderança entre os bancos espanhóis. O feito foi alcançado em 1994, quando o Santander adquiriu o Banesto.

Marcelo Sayão - 27.jul.14/Efe
O presidente do banco Santander, Emilio Botín
O presidente do banco Santander, Emilio Botín

Emilio também foi responsável pela fusão com o banco Central Hispano (1999), a primeira grande operação do tipo desde a instauração do euro, e a compra conjunta do ABN Amro (2007) com o The Royal Bank of Scotland e a belga Fortis. Deste último negócio resultou a compra do banco Real, no Brasil, pelo Santander.

O banco espanhol também adquiriu o Banespa, privatizado em 2000, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

O processo de expansão global liderado por Emilio fez com que o banco passasse a prestar serviços a 107 milhões de clientes, atendidos em mais de 13 mil agências por 185 mil funcionários.

Emilio Botín era casado com Paloma O'Shea Artiñano desde 1958, com quem teve seis filhos: Ana Patricia, Carolina, Paloma, Carmen, Emilio e Francisco Javier. A mais velha, Ana Patricia, dirige a filial britânica do Grupo Santander, Santander UK, e comandou o Banesto entre 2002 e 2010.

Com Reuters


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