Folha de S. Paulo


Filha de Botín pode assumir chefia do Conselho do Santander na Espanha

A filha de Emilio Botín, Ana Patricia Botin, é cotada para assumir a presidência do Conselho do Santander na Espanha. A reunião ocorre na tarde desta quarta-feira (10).

O espanhol Emilio Botín, presidente do Grupo Santander, morreu na noite de terça-feira (9), aos 79 anos vítima de ataque cardíaco.

O banco realizará uma reunião do Conselho de Administração ainda hoje para nomear um sucessor para o cargo de presidente do Conselho. Analistas e investidores vêm esperando há muito tempo que o cargo seja assumido pela filha mais velha do executivo, Ana Botín, que lidera o negócio do Santander no Reino Unido, o Santander UK.

Tal movimento poderá provocar polêmica, contudo, em um momento em que dinastias bancárias enfrentam duras críticas depois de um escândalo no português Banco Espírito Santo, com empresas da família fundadora sendo investigadas por irregularidades financeiras.

"A sucessão não deve consistir apenas em dizer 'minha filha vai tomar conta'", disse um especialista em governança corporativa de uma gestora global de ativos que detém ações do Santander, falando sob condição de anonimato à Reuters.

"Eles já decidiram unanimemente em favor de Ana Patricia", disse outra fonte que tomou conhecimento das deliberações do banco, também sob condição de anonimato.

Mas há outro potencial substituto: Matias Inciarte, 66, um ex-ministro do governo e membro do Conselho de Administração do banco desde 1988, que atualmente ocupa o cargo de segundo vice-presidente do conselho.

Marcelo Sayão - 27.jul.14/Efe
O presidente do banco Santander, Emilio Botín
O presidente do banco Santander, Emilio Botín

BIOGRAFIA

Nascido em 1º de outubro de 1934, em Santander, Botín foi herdeiro da tradição financeira de sua família, já que seu avô e seu pai também foram presidentes do banco. O executivo começou a dirigir a entidade bancária em 1986 e foi um dos responsáveis pela sua expansão internacional.

Formado em Direito e Economia pela Universidade de Deusto, Emilio Botín ingressou aos 24 anos no Santander. Em sua carreira na companhia, Botín passou por diversos cargos, dentre eles o de conselheiro (1960), diretor-geral (1964) e vice-presidente (1977). Nove anos depois, com a saída de seu pai da presidência, Botín passaria a comandar o Grupo Santander globalmente.

Sua gestão se caracterizou pela estratégia de conquista do mercado internacional e por um processo de fusões e aquisições nacionais para conseguir a liderança entre os bancos espanhóis. O feito foi alcançado em 1994, quando o Santander adquiriu o Banesto.

Emilio também foi responsável pela fusão com o banco Central Hispano (1999), a primeira grande operação do tipo desde a instauração do euro, e a compra conjunta do ABN Amro (2007) com o The Royal Bank of Scotland e a belga Fortis. Deste último negócio resultou a compra do banco Real, no Brasil, pelo Santander.

O banco espanhol também adquiriu o Banespa, privatizado em 2000, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

O processo de expansão global liderado por Emilio fez com que o banco passasse a prestar serviços a 107 milhões de clientes, atendidos em mais de 13 mil agências por 185 mil funcionários.

Emilio Botín era casado com Paloma O'Shea Artiñano desde 1958, com quem teve seis filhos: Ana Patricia, Carolina, Paloma, Carmen, Emilio e Francisco Javier. A mais velha, Ana Patricia, dirige a filial britânica do Grupo Santander, Santander UK, e comandou o Banesto entre 2002 e 2010.


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