Folha de S. Paulo


Morre o presidente do Santander, Emilio Botín

O presidente do Grupo Santander, Emilio Botín, morreu na noite desta terça-feira (9), aos 79 anos, vítima de um ataque cardíaco. O falecimento foi comunicado pela entidade financeira à CNMV, comissão de valores mobiliários da Espanha.

Com a morte do executivo, o Santander informou que irá realizar nesta quarta-feira (10), uma reunião entre o conselho de administração e a comissão de nomeações e retribuições para designar o novo presidente global do banco. Analistas e investidores esperam que o cargo seja assumido pela filha mais velha do executivo, Ana Botín, que lidera o negócio britânico do Santander.

Emilio Botín, chamado de "El Presidente" pelos colegas de trabalho e terceiro da geração Botín a comandar o Santander, esteve à frente da investida para criar um banco global, oferecendo serviços múltiplos a empresas multinacionais e uma gama de serviços aos consumidores.

Ele dirigiu seu olhar afiado para negócios para divulgar a marca do Santander ao redor do mundo, somando € 1,4 trilhão (US$ 1,8 trilhão de dólares) em fundos e cerca de 200 mil funcionários.

"Ele foi um homem capaz de fazer o Banco Santander se tornar o banco mais importante de nosso país", afirmou o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, a jornalistas no Parlamento.

"Eu tive uma reunião com ele na semana passada e ele estava bem e em boa forma. Foi uma surpresa e um golpe", disse o líder do governo na Espanha.

Marcelo Sayão/Efe
O presidente do banco Santander, Emilio Botín
O presidente do banco Santander, Emilio Botín

O Santander é o quinto maior banco privado do Brasil e o sexto da lista, se considerado o BNDES. No segundo trimestre de 2014, a entidade registrou lucro líquido de R$ 527,5 milhões no país, com um acréscimo de 5,35% em comparação com igual período do ano passado. A carteira de crédito do banco no país somou R$ 279,2 bilhões ao fim de junho.

"Cabe a nós, do Santander Brasil, continuar, com ainda mais intensidade, o trabalho de crescimento de nosso banco no país, a maior homenagem que podemos prestar a ele", afirma Jesús Zabalza, presidente da instituição financeira no país.

Executivos do Bradesco também lamentaram a morte de Botín. O presidente do conselho de administração do banco, Lázaro de Mello Brandão, afirmou que o espanhol era um "líder arrojado e determinado", que "soube posicionar a instituição que comandou nos últimos 30 anos aos postos mais altos da hierarquia financeira internacional".

Presidente executivo do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi ressalta que, no Brasil, Botín "construiu um banco eficiente e competidor leal, transformando o Santander numa referência de dinamismo e desempenho".

BIOGRAFIA

Nascido em 1º de outubro de 1934, em Santander, Botín foi herdeiro da tradição financeira de sua família, já que seu avô e seu pai também foram presidentes do banco. O executivo começou a dirigir a entidade bancária em 1986 e foi um dos responsáveis pela sua expansão internacional.

Formado em Direito e Economia pela Universidade de Deusto, Emilio Botín ingressou aos 24 anos no Santander. Em sua carreira na companhia, Botín passou por diversos cargos, dentre eles o de conselheiro (1960), diretor-geral (1964) e vice-presidente (1977). Nove anos depois, com a saída de seu pai da presidência, Botín passaria a comandar o Grupo Santander globalmente.

Sua gestão se caracterizou pela estratégia de conquista do mercado internacional e por um processo de fusões e aquisições nacionais para conseguir a liderança entre os bancos espanhóis. O feito foi alcançado em 1994, quando o Santander adquiriu o Banesto.

Emilio também foi responsável pela fusão com o banco Central Hispano (1999), a primeira grande operação do tipo desde a instauração do euro, e a compra conjunta do ABN Amro (2007) com o The Royal Bank of Scotland e a belga Fortis. Deste último negócio resultou a compra do banco Real, no Brasil, pelo Santander.

O banco espanhol também adquiriu o Banespa, privatizado em 2000, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

O processo de expansão global liderado por Emilio fez com que o banco passasse a prestar serviços a 107 milhões de clientes, atendidos em mais de 13 mil agências por 185 mil funcionários.

Emilio Botín era casado com Paloma O'Shea Artiñano desde 1958, com quem teve seis filhos: Ana Patricia, Carolina, Paloma, Carmen, Emilio e Francisco Javier. A mais velha, Ana Patricia, dirige a filial britânica do Grupo Santander, Santander UK, e comandou o Banesto entre 2002 e 2010.

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Santander Brasil - 2º tri/2014
Margem financeira R$ 6,6 bilhões
Lucro líquido R$ 527,5 milhões
Número de funcionários 48 mil
Principais concorrentes Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil


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