Folha de S. Paulo


Valor de mercado do Facebook ultrapassa os US$ 200 bilhões

O valor de mercado do Facebook ultrapassou os US$ 200 bilhões pela primeira vez, na segunda-feira (8), e a companhia derrotou o concorrente Google quanto ao tempo necessário para atingir esse marco simbólico.

Além de superar o valor de mercado de muitas empresas mais antigas de tecnologia, entre as quais IBM, Intel e Oracle, a rede social agora tem valor de mercado superior ao da Toyota, Coca-Cola e Bank of America, e se equipara ao banco HSBC.

O marco surgiu no momento em que o Facebook revelou ímpeto crescente em suas operações de vídeo, e anunciou a oferta aos provedores de conteúdo de ferramentas adicionais, a exemplo de um contador de visitas semelhante ao do YouTube, como parte de seus esforços para buscar uma nova e lucrativa fonte de receita publicitária.

Os investidores de Wall Street veem o Facebook, cujo principal app é o consistentemente o mais popular para smartphones de todas as variedades, como uma maneira de explorar o crescimento do mercado móvel sem terem de fazer uma aposta que eles consideram mais arriscada em fabricantes de aparelhos, a exemplo da Apple ou da Samsung Electronics.

A alta das ações da empresa este ano também pode ser entendida como endosso à liderança do presidente-executivo Mark Zuckerberg, que investiu bilhões de dólares na aquisição de qualquer startup que ameace a liderança do Facebook na mídia social, entre as quais o Instagram e o WhatsApp.

No entanto, ainda que sua estratégia de criar uma carteira de apps variados para o Facebook esteja conquistando os investidores, ela frustra alguns consumidores, dezenas de milhares dos quais protestaram contra a recente decisão do Facebook de separar as funções de chat e mensagens de seu app principal.

Menos de 30 meses depois daquilo que muitos viram como estreia conturbada nos mercados de ações, com cotação de US$ 38 por ação, o Facebook registrou alta de 0,8% na segunda-feira, atingindo a marca dos US$ 77,89, o que representa capitalização de mercado de US$ 200,9 bilhões para a companhia.

Isso confere ao Facebook um valor de praticamente metade a capitalização de mercado do Google, cujas ações subiram em 0,6% e fecharam em US$ 601,63, o que significa valor de mercado de US$ 400,4 bilhões, no mesmo dia.

As duas empresas de tecnologia são rivais ferozes na publicidade online e disputam o título de destino mais popular da Internet, com pacotes de apps e serviços concorrentes de fotos, vídeo, chat e busca. As duas estão na corrida para adaptar seus negócios de publicidade aos celulares, nos dois últimos anos, com a transferência da atenção dos consumidores da Web para os apps.

Em seus trimestres mais recentes, a receita do Google, excluídos os custos de aquisição de tráfego e outras distribuições a parceiros, foram mais de quatro vezes superiores às do Facebook. No entanto, o ritmo de crescimento do Facebook vem sendo mais de duas vezes mais rápido, e atinge os 61% anuais.

Depois de sua oferta pública inicial em setembro de 2004, a capitalização de mercado do Google atingiu os US$ 200 bilhões em outubro de 2007 mas caiu fortemente, em companhia do mercado como um todo, em 2008. Só em dezembro de 2009 a companhia recuperou esse nível, e só voltou a crescer consistentemente na metade de 2012. Nos dois últimos anos, a capitalização de mercado do Google cresceu em cerca de 75%, e a do Facebook em mais de 330%.

"O Facebook, neste momento, tem muitos propulsores que ajudam o rápido crescimento da receita e uma expansão ainda maior nos lucros - algo que nem mesmo o Google conseguiu fazer", disse Brian Wieser, analista da Pivotal Research, mencionando a expansão na gama de clientes da companhia, que inclui grandes marcas e pequenas empresas, bem como o ímpeto na publicidade em vídeos e em apps móveis. "A comparação mais notável que vejo é que o foco e disciplina financeira do Facebook parecem superiores aos do Google".

Wieser aponta que o Facebook não só está crescendo mais rápido mas oferece margens superiores às do Google, que investe centenas de milhões de dólares em iniciativas mais especulativas e de prazo mais longo, como carros sem motorista, serviços de entrega por aeronaves de pilotagem remota (drones) e prolongamento da expectativa de vida humana. "No geral, a história de crescimento da empresa é muito convincente, e os investidores só vieram a apreciá-la no último ano", ele disse.

Um post no blog da empresa alardeava o mais de um bilhão de visitantes que os vídeos do site registram a cada dia, e o Facebook na segunda-feira repetiu uma frase que se tornou onipresente em sua comunicação e simboliza suas ambições: "E só estamos começando".

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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