Folha de S. Paulo


Emprego na indústria automobilística atinge menor nível desde maio de 2012

O número de empregados no setor de autoveículos (que inclui automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus) caiu para 128.739 em agosto, uma queda de 0,9% em relação a julho, quando as automobilísticas empregavam 129.869 funcionários.

O resultado representa a sétima queda seguida do emprego no setor e é o pior resultado desde maio de 2012. Naquele mês, 127.139 pessoas eram empregadas pelas montadoras.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (4) pela Anfavea, associação de fabricantes do setor.

De acordo com Luiz Moan, presidente da entidade, a queda no nível de emprego é pontual.

"Estamos passando por ajuste no estoque de produção. Toda redução do quadro de pessoal está dentro de programas de demissão voluntária ou término de contratos temporários."

Moan também pediu o aumento no prazo máximo do período de layoff.

"Entendemos a suspensão do contrato como mecanismo de preservação de emprego. O que acontece é que a crise pode não passar em um período de cinco meses", disse.

Editoria de Arte/Folhapress

PRODUÇÃO

No acumulado do ano, a indústria automobilística teve queda de 18% na produção e de 8,62% nas vendas em relação aos primeiros oito meses de 2013.

Em agosto, a produção de veículos no país recuou 22,4% em relação ao mesmo mês de 2013, e somou 265,9 mil autoveículos, segundo a Anfavea. No ano passado, foram produzidos 342,8 mil veículos no Brasil no mesmo período.

Esse foi o pior resultado para agosto desde 2007, quando foram produzidos 263.924 mil automóveis.

A indústria se recuperou na comparação com julho, produzindo 5,3% de veículos a mais em agosto. A melhora, no entanto, não foi suficiente para reverter o quadro do ano, onde a produção no acumulado de janeiro a agosto caiu 18% ante o mesmo período de 2013.

De acordo com a Anfavea, o cenário para os próximos três meses é de otimismo, principalmente após as medidas de estimulo ao crédito promovidas pelo Banco Central. "Estamos aguardando as consequências do choque de liquidez feito pelo governo. Apenas a partir deste mês o consumidor poderá usufruir as menores taxas e prazos maiores para financiamento", afirmou Luiz Moan.

As exportações também caíram 50,6%, em relação a agosto do ano passado. No acumulado entre janeiro e agosto, a queda nas vendas para o exterior é de 38,1% na comparação com os primeiros oito meses de 2013.

MEDIDAS DAS MONTADORAS

A retração na indústria automotiva fez com que as montadoras adotassem medidas para adequar a produção à demanda do mercado.

Suspensões temporárias de contrato (os "layoffs"), férias coletivas e programas de demissão voluntária foram algumas das medidas adotadas pelas empresas do setor para tentar esvaziar os estoques, que em agosto atingiram 42 dias, que representaram aumento de três dias em relação a julho, onde o estoque era de 39 dias.

No mês passado, cerca de 1.300 empregados do setor entraram em layoff até janeiro de 2015 e outros 7,5 mil receberam férias coletivas ou folgas em razão de paradas técnicas.

O setor de caminhões foi o que mais sofreu com as medidas durante agosto: funcionários das fábricas da MAN, Mercedes-Benz, Ford, Iveco e Volkswagen pararam nos últimos 30 dias.

Segundo o Ministério do Trabalho, no começo de agosto quase 12 mil trabalhadores de todos os setores da economia estavam em regime de layoff, sendo que cerca de 4 mil eram funcionários de montadoras.

Esse número é o maior desde 2010, quando 20 mil empregados tiveram o contrato suspenso durante os primeiros sete meses do ano.

Conforme a CLT, o período máximo de layoff é de cinco meses e o empregado que participa do layoff deve ficar pelo menos 16 meses sem que seu contrato seja suspenso novamente. O trabalhador recebe bolsa de R$ 1,3 mil do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Os gastos do FAT foram de quase R$ 37 milhões nos primeiros sete meses de 2014.

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Veja os layoffs (suspensões temporárias de contrato) que as montadoras fizeram em 2014.

Volkswagen
Agosto - 4.500 funcionários em férias coletivas de 10 dias em Taubaté (SP)
Maio - 900 funcionários em layoff em São Bernardo do Campo (SP) e 150 funcionários em layoff de três meses em São José dos Pinhais (PR)
Fevereiro - 150 funcionários em layoff de três meses em São José dos Pinhais (PR)
Fevereiro - 5.200 funcionários em licença de 10 dias em São Bernardo do Campo (SP)

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Mercedes-Benz
Agosto - 158 funcionários em layoff em Juiz de Fora (MG)
Maio - 1.200 funcionários em layoff em São Bernardo do Campo (SP)
Março - 450 funcionários em férias coletivas de 20 dias em Juiz de Fora (MG)
Fevereiro - Programa de demissão voluntária e redução da semana na linha de montagem de caminhões em São Bernardo do Campo (SP)

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Iveco
Agosto - 1.500 funcionários em parada técnica de 20 dias em Sete Lagoas (MG)
Junho - 800 trabalhadores em parada técnica de 10 dias em Sete Lagoas (MG)
Abril - férias coletivas de 20 dias para 500 trabalhadores em Sete Lagoas (MG)

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General Motors
Agosto - 930 funcionários em layoff em São José dos Campos (SP)
Junho - 6.200 funcionários em férias coletivas de 12 dias a 1 mês e programa de demissão voluntária nas fábricas de São Caetano do Sul (SP), São José dos Campos (SP) e Gravataí (RS)

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Ford
Agosto - Taubaté (SP) - 108 funcionários em layoff
Junho - Taubaté (SP) - férias coletivas de 20 dias para 1.500 funcionários

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MAN
Agosto - 100 funcionários em layoff em Resende (RJ)
Junho - 3.000 funcionários em férias coletivas de 20 dias em Resende (RJ)

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PSA Peugeot Citroen
Junho - 2.000 funcionários em férias coletivas de 20 dias em Porto Real (RJ)
Fevereiro - 650 funcionários em layoff e abertura de programa de demissão voluntária em Porto Real (RJ)

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Fiat
Agosto - 1.500 funcionários em férias coletivas de 10 dias em Betim (MG)

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Hyundai
Maio - 2.700 funcionários em férias coletivas de 10 dias em Piracicaba (SP)

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Renault
Junho - 4.000 funcionários em férias coletivas de 20 dias em São José dos Pinhais (PR)


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