Folha de S. Paulo


Empresas receiam ousar no comércio exterior, diz secretário

O setor privado receia ousar no comércio exterior, diz o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Ricardo Schaefer. À Folha ele admite o peso do governo na abertura de mercados, mas afirma que é preciso engajamento da indústria.

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Folha - Qual a importância das missões comerciais?
Ricardo Schaefer - Tivemos um momento em que praticamente pegávamos as empresas pelas mãos e levávamos à missão. Era um esforço de diplomacia comercial. Ou a China faria isso e ocuparia nosso espaço. Não sei se continuaremos assim. Pedimos à Apex que intensificasse [seu papel]. Lá, as missões deram um salto. Aqui, caiu um pouco e estamos avaliando o melhor mix para 2015.

Quanto aos destinos, houve concentração em emergentes.
Há um papel indutor do governo, muitas vezes a empresa busca onde está acostumada a operar. Tenho forçado a barra com o setor calçadista, acostumado à Argentina. Não que não deva, mas, se a Argentina tem dificuldades, por que não vender à China?

O setor calçadista tem diversificado os destinos.
Mas tem caído o percentual de participação das exportações na produção de calçados. Qual a tendência de muitos setores? Pedir mais proteção [ao governo]. Sempre falo: tem que ser mais agressivo, há espaço para exportar.

Houve redução nas missões lideradas pelo Mdic.
Isso pode ser explicado pelo esgotamento do formato. Mas é interessante que, quando fazemos um esforço na África, o problema persiste.

As empresas não mantêm o espaço ocupado?
Às vezes caímos na armadilha do mercado doméstico robusto. O comércio exterior é sempre o resto da produção. Isso precisa mudar. Fiz uma missão ao Norte da África e tivemos dificuldade de achar empresas. Esperam que o governo faça o esforço. O setor privado ainda não acordou.

2014 terá superavit comercial?
Vamos sofrer, mas teremos.

Editoria de Arte/Folhapress

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