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Câmbio anula medidas protecionistas brasileiras, dizem especialistas

As medidas protecionistas aplicadas pelo governo federal como forma de proteger a indústria brasileira são anuladas pela valorização cambial, dizem Rubens Barbosa, ex-embaixador do Brasil nos EUA e Paulo Feldman, professor de economia da USP e diretor da Câmara de Comércio Brasil-Israel.

Eles participaram de um debate sobre proteção, protecionismo e promoção comercial no governo Dilma nesta quinta-feira (28), durante o Fórum de Exportação, evento realizado pela Folha.

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O Fórum de Exportação, realizado entre quarta-feira (27) e quinta-feira (28), é o quarto de uma série de eventos que debatem assuntos acerca do país. Acompanhe a cobertura do evento minuto a minuto.

Para Rubens Barbosa, que também é presidente da Coscex da Fiesp (Conselho Superior de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a política atual de comércio exterior está desvinculada da política econômica, que se resume a desonerações e empréstimos, excluindo estratégias de desenvolvimento da indústria no país.

"As medidas na proteção muitas vezes são válidas, mas com a apreciação do câmbio, nem as medidas protecionistas estão sendo suficientes", afirmou.

MOEDA DESVALORIZADA

Já Paulo Feldman disse que outros países mantêm a moeda desvalorizada, mesmo sob pressão externa de grandes potências, como os EUA.

"A China manteve a moeda desvalorizada o tempo todo. Nós estamos fazendo ao contrário –o real altamente valorizado é um contra senso total. Todos sabemos que os produtos brasileiros são extremamente caros. Nossa moeda está em um patamar totalmente irreal, o dólar deveria estar entre R$ 3 e R$ 3,50", afirmou.

Feldman destacou ainda que o Brasil precisa reanimar a capacidade industrial, resolvendo os problemas de logística, o preço da energia elétrica e a capacitação da mão de obra.

Sobre as medidas protecionistas aplicadas pelo governo, ambos afirmaram serem importantes e válidas em escala mundial; no país, porém, tais medidas apenas procuram dar fôlego à indústria, que não consegue ser competitiva no mercado internacional.

PROMOÇÃO COMERCIAL

Ambos criticaram a ação da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) por não conseguir promover de forma adequada a indústria brasileira em mercados importantes.

"Precisamos saber o que iremos promover lá fora. Nós tínhamos que promover empresas de alta tecnologia. Enquanto o mundo avança, o Brasil está parado na questão", afirmou Feldman.

O ex-embaixador afirmou que o papel da Apex deve ser reconfigurado para que a agência tenha papel mais ativo.

FÓRUM

A Folha promove nestas quarta (27) e quinta-feira (28) um fórum sobre exportações para debater os prognósticos da balança comercial do Brasil e a inserção do país no cenário econômico global.

Parte do ciclo de Seminários Folha, as palestras e painéis reúnem especialistas em comércio internacional e abordarão temas como equilíbrio no câmbio, protecionismo, entraves à exportação industrial, desafios logísticos e o papel da China na balança.

A abertura foi feita por Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e atual presidente do conselho da J&F (holding que controla empresas como JBS).

O fórum é apresentado por Raquel Landim, repórter especial da Folha e colunista do site.


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