Folha de S. Paulo


Mercado reduz previsão para crescimento da economia pela 11ª vez

O mercado reduziu mais uma vez a previsão para o crescimento da economia brasileira em 2014.

O Boletim Focus do Banco Central divulgado nesta segunda-feira (11) mostra que a expectativa para a alta do PIB (Produto Interno Bruto) caiu para 0,81%, contra 0,86% na medição anterior. Esta é a 11ª queda seguida na expectativa

O Boletim Focus é feito com analistas de cerca de cem instituições financeiras do país.

Para 2015 os economistas também passaram a ver expansão menor, de 1,20%, contra 1,50% na pesquisa anterior. É a primeira queda nessa previsão após cinco semanas de índice estável.

Para a produção industrial, as projeções foram mantidas tanto para 2014 quanto para o ano seguinte, de queda de 1,53% e elevação de 1,70%, respectivamente.

No caso da conta corrente, a estimativa é de déficit de US$ 81,20 bilhões neste ano, em vez de US$ 81,45 bilhões. Para 2015, o resultado negativo previsto saiu de US$ 74,1 bilhões para US$ 75 bilhões.

INFLAÇÃO E SELIC

Sobre a Selic, permanece inalterado o cenário de que ela encerrará este ano a 11% e 2015 em 12%. As instituições no Top 5 –aquelas que mais acertam as previsões– também projetam Selic a 11% em 2014, mas alteraram de 11,75% para 12% a previsão para a taxa básica de juros no próximo calendário.

A projeção para a alta do IPCA (a inflação oficial do país) neste ano caiu para 6,26%, contra 6,39% anteriormente, afastando mais a possibilidade de o indicador estourar o teto da meta de 6,5%.

Foi a quarta semana consecutiva em que a estimativa é revista para baixo. No caso de 2015, o IPCA deve aumentar 6,25%, acima da taxa estimada anteriormente, de 6,24%.

Essa projeção vem após o IBGE divulgar, na sexta-feira (8), que a inflação de julho ficou praticamente estável, com alta de apenas 0,01%. No acumulado em 12 meses, o índice ficou em 6,50%, exatamente o teto da meta do governo, que é de 4,5%, mas que permite variações de até dois pontos percentuais para mais ou para menos.

Segundo a Bloomberg, analistas previam alta de 0,1% em julho e de 6,60% em 12 meses.

Nos acumulado dos sete primeiros meses do ano, o índice acumula alta de 3,76%, praticamente estável em relação aos 3,75% de junho.

De acordo com o IBGE, a desaceleração do mês passado foi influenciada pelos grupos transportes, com queda de 0,98% (contra alta de 0,37% em junho), e despesas pessoais, que recuou de uma alta de 1,57% em junho passou 0,12% em julho.

Quatro grupos tiveram deflação e contribuíram para a redução do índice. Além de transportes, também recuaram alimentação, vestuário (impulsionado pelas liquidações de julho) e comunicação (com destaque para a queda de 8,52% na telefonia fixa de São Paulo).

Editoria de Arte/Folhapress
Indicadores - Evolução do IPCA
Indicadores - Evolução do IPCA

'SOB CONTROLE'

Com o recuo da inflação, o governo saiu na defesa de sua política econômica e afirmou que a meta do ano será cumprida.

Márcio Holland, secretário de Polícia Econômica do Ministério da Fazenda, afirmou que a inflação está sob controle, vem caindo nos últimos quatro meses e deve continuar a trajetória no próximo semestre.

"O resultado só reforça a nossa avaliação de que a inflação está sob controle e teremos um índice dentro das metas anunciadas esse ano, dentro do intervalo de tolerância."

"Trata-se de resultado da política econômica posta em prática pelo governo federal desde meados do ano passado para controlar a inflação", afirmou Holland.

Sobre desempenho da economia brasileira, a avaliação de Holland é de que de que o Brasil não é "exceção é regra" e está "em linha com o comportamento das economias mundiais", com taxas de crescimento perdendo fôlego.

No entanto, ele confia num crescimento mais consistente no segundo semestre do ano.

"O mundo tem passado por processo de moderação das taxas de crescimento pós-crise, o Brasil não é uma exceção à regra", afirmou.

"Acreditamos que a economia brasileira vai apresentar um comportamento melhor no segundo semestre. Estamos observando uma recuperação na confiança dos consumidores, estamos observando uma melhora no quadro de inadimplência, que está bem estável, bem baixo pelos padrões históricos brasileiros, mercado de trabalho está muito sólido no Brasil, com taxa de desemprego muito baixa, o preços sob controle, o que vai ajudar a economia ao longo dos próximos meses e no próximo semestre".

Com agências de notícias e reportagens de BRASÍLIA e RIO


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