Folha de S. Paulo


Lucro da Petrobras tem queda de 25% no 1º semestre e soma R$ 10,3 bi

Com impacto da importação de combustíveis e enfrentando dificuldade para elevar a produção, a Petrobras viu seu lucro despencar 25% nos seis primeiros meses do ano, em comparação com igual período de 2013, de R$ 13,894 bilhões para R$ 10,352 bilhões.

O resultado é registrado mesmo em um cenário de elevação da produção de petróleo, de corte de custos, de mais refino de derivados no país e de câmbio favorável.

No período, a produção de petróleo subiu 1% no semestre, com uma média de 2,566 milhões de barris por dia. A meta da companhia é fazê-la subir 7,5% este ano.

O lucro da companhia caiu pelo segundo trimestre seguido, fechando em R$ 4,959 bilhões entre abril e junho, 20% abaixo do registrado no mesmo período de 2013, quando a Petrobras teve lucro de R$ 6,201 bilhões.

Já em relação ao primeiro trimestre de 2014, houve diminuição de 8% ante os R$ 5,393 bilhões registrados no período. Ao contrário do ocorrido nos primeiros três meses do ano, desta vez a empresa não teve de lançar as despesas relacionadas ao plano de demissão voluntária, que havia reduzido o lucro dos três primeiros meses do ano em R$ 1,6 bilhão.

O resultado veio bem abaixo das expectativas de mercado, que apontavam lucro perto de R$ 7 bilhões.

A Petrobras encerrou o primeiro semestre com valor de mercado de R$ 217,7 bilhões.

Rich Press - 15.jul.2011/Bloomberg
Plataforma P-51 da Petrobras, na bacia de Campos. Lucro da companhia despencou 25% no 1º semestre de 2014
Plataforma P-51 da Petrobras, na bacia de Campos. Lucro da companhia despencou 25% no 1º semestre de 2014 devido ao pagamento de juros da dívida e impostos

EBITDA

O Ebitda, indicador de geração de caixa, cresceu 13%, de R$ 14,35 bilhões para R$ 16,24 bilhões, entre o primeiro e o segundo trimestre de 2014.No último trimestre de 2013, o lucro havia sido de R$ 7,69 bilhões.

O indicador dívida/Ebitda, um dos considerados pelo mercado para avaliar o nível de endividamento, recuou ligeiramente entre o primeiro e o segundo trimestre, de 4 para 3,92.

A meta da presidente da empresa, Graça Foster, é reduzi-lo para 2,5 até 2015, indicador considerado pelas agências de classificação de risco para manter uma empresa como "grau de investimento". Companhias com tal classificação pagam menos juros ao mercado quando precisam captar dinheiro.

MOTIVOS

A empresa atribui a queda do lucro no 2º trimestre ao pagamento de juros da dívida, com impacto de R$ 766 milhões no resultado, "associadas à menor receita financeira, decorrente do menor saldo médio de aplicações financeiras". Ao todo, a despesa financeira líquida da Petrobras no trimestre foi de R$ 940 milhões.

Outro motivo alegado pela companhia é o crescimento das despesas com impostos.

Já o resultado do lucro operacional da companhia nos primeiros seis meses de 2014 foi inferior devido ao provisionamento do plano de incentivo à demissão voluntária da Petrobras (R$ 2,3 bilhões) e às maiores baixas de poços secos ou subcomerciais, que tiveram impacto de R$ 1,32 bilhão.

O lucro ao longo de 2014 também foi afetado pelo menor ganho na venda de ativos (R$ 279 milhões), à baixa de ativos por devolução de campos (R$ 494 milhões) e devido a despesas de vendas, que somaram R$ 650 milhões. Nesse último quesito, a Petrobras ressalta o destaque dos custos com fretes, que foram "compensados parcialmente pelo aumento do lucro bruto".

PREJUÍZO

Dos sete segmentos de negócio da Petrobras, três tiveram prejuízo operacional. O ramo de Abastecimento da companhia registrou melhora ante o primeiro trimestre do ano, mas teve perda de R$ 5,916 bilhões, contra R$ 7,42 bilhões no período anterior. No ano, o resultado desfavorável já contabiliza R$ 13,336 bilhões.

O segmento corporativo também teve melhora, e passou de prejuízo de R$ 3,379 bilhões nos três primeiros meses de 2014 para perdas de R$ 2,696 bilhões.

Já o ramo de biocombustíveis da estatal ampliou as perdas de R$ 66 milhões no primeiro trimestre para R$ 72 milhões no período subsequente.

O destaque nos lucros ficou por conta do segmento de Exploração & Produção, que teve alta de 1% ante o primeiro trimestre do ano e somou R$ 16,466 bilhões. No semestre, a área acumula ganhos de R$ 32,712 bilhões.

Já o ramo de Gás & Energia da estatal teve um incremento de 27% nos lucros ante o trimestre anterior, e teve resultado de R$ 804 milhões entre abril e junho de 2014, somando R$ 1,435 bilhão no ano.

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Petrobras/2014
Faturamento R$ 82,298 bilhões
Lucro líquido R$ 4,959 bilhões
Número de funcionários 86 mil
Dívida de longo prazo R$ 284,17 bilhões
Principais concorrentes Shell, Exxon-Mobil, Chevron


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