Folha de S. Paulo


Petrobras guia Bolsa ao 3º ganho em 4 dias, com pesquisa eleitoral no radar

O principal índice da Bolsa brasileira fechou em alta nesta quarta-feira (6), influenciado pelas ações da Petrobras, que subiram com expectativa pela divulgação de nova pesquisa eleitoral e com investidores digerindo a fala do ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre reajuste no preço da gasolina.

O Ibovespa ganhou 0,51%, para 56.487 pontos. Foi a terceira alta do índice em quatro dias. O volume financeiro ficou em R$ 7,128 bilhões –acima da média diária no mês de agosto, de R$ 5,545 bilhões. A volatilidade marcou o pregão, com o Ibovespa chegando a cair 0,90% e a subir 1,06% ao longo do dia.

"A oscilação está relacionada a uma iminente pesquisa eleitoral, prevista para amanhã. Além disso, estamos na primeira semana útil do mês, o que significa que tem muitos fundos recompondo suas carteiras. Isso aumenta a volatilidade do mercado", diz Alexandre Wolwacz, diretor da escola de investimentos Leandro & Stormer.

As ações preferenciais (sem direito a voto) da Petrobras subiram 3,10%, para R$ 20,31 cada uma. O movimento, segundo analistas, reflete a expectativa do mercado pela pesquisa Ibope de intenções de voto na eleição presidencial de outubro. O levantamento está previsto para esta quinta-feira (7), segundo o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Em e-mail enviado a clientes no início da tarde, comentando sobre o movimento na Bovespa, o Itaú BBA citou rumores de que as novas pesquisas eleitorais poderão mostrar uma disputa apertada entre a presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) e o rival Aécio Neves (PSDB).

Outras estatais também subiram, como Banco do Brasil, que avançou 1,22%, a R$ 28,19. Já os papéis ordinários (com direito a voto) da Eletrobras ganharam 1,57%, a R$ 6,47.

No caso da Petrobras, os investidores também avaliaram declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que indicou em entrevista à Reuters publicada no final da tarde de terça-feira que haverá reajuste nos preços da gasolina em 2014, mas sem sinalizar quando isso acontecerá.

PRESSÃO EXTERNA

O cenário externo limitou o ganho do Ibovespa nesta quarta. Isso porque a aversão ao risco entre os estrangeiros aumentou diante da deterioração dos conflitos entre Rússia e Ucrânia.

A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) disse nesta quarta-feira que a Rússia reuniu cerca de 20.000 tropas prontas para combate na fronteira leste da Ucrânia e pode usar o pretexto de uma missão humanitária ou de manutenção de paz para invadir o país.

Ontem, o presidente russo Vladimir Putin havia dito que ordenou seu governo a retaliar as medidas restritivas à Rússia adotadas por EUA e a União Europeia. Hoje, o serviço de vigilância veterinária e fitossanitária da Rússia disse que vai embargar importações de carne de frango dos EUA.

Para Wolwacz, mesmo com a correção registrada na semana passada e o aumento das tensões no exterior, a tendência para o Ibovespa continua positiva.

"Lá fora, os índices de ações americanos continuam em canal de alta. É possível que a piora no conflito entre Rússia e Ucrânia contamine o nosso mercado, mas, por enquanto, o que pesa mais aqui é o cenário político", diz. "O mais provável é que o índice chegue em 58.500 pontos no curto prazo, quando poderá apresentar uma baixa mais acentuada –com realização de lucros entre os investidores", completa.

AÇÕES

Além da Petrobras, também fechou no azul a ação da companhia aérea Gol, depois que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou, sem restrições, acordo de compartilhamento de voos entre a VRG Linhas Aéreas, subsidiária da Gol Linhas Aéreas, e a Etihad Airways, com sede em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. A valorização do papel foi de 2,36%, para R$ 13,86.

Em sentido oposto, a Oi viu sua ação liderar as perdas do Ibovespa, com queda de 3,73%, para R$ 1,29. A empresa de telecomunicações divulgou hoje seu primeiro balanço trimestral após a consolidação dos resultados da Portugal Telecom, com prejuízo líquido de R$ 221 milhões no segundo trimestre de 2014, frente a perda de R$ 124 milhões um ano antes.

CÂMBIO

O mercado de câmbio passou por correção às altas recentes, segundo operadores, com menor pressão sobre o preço do dólar. A moeda americana à vista, referência no mercado financeiro, teve leve alta de 0,04% sobre o real, cotada em R$ 2,277 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedeu 0,39%, para R$ 2,274.

O Banco Central deu continuidade ao seu programa de intervenções diárias no câmbio, através do leilão de 4.000 contratos de swap (operação que equivale à venda futura de dólares), pelo total de US$ 198,6 milhões.

A autoridade também realizou um novo leilão para rolar os vencimentos de 8.000 contratos de swap previstos para 1º de setembro, por US$ 385,8 milhões. Até o momento, o BC já rolou cerca de 12% dos papéis com prazo para o primeiro dia do mês que vem.

Com Reuters


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