Folha de S. Paulo


Com indústria em queda, economia crescerá apenas 1% este ano, diz CNI

Com a atividade industrial em queda, a economia brasileira terá expansão de apenas 1% este ano, segundo estimativa da CNI (Confederação Nacional da Indústria) divulgada nesta quinta-feira (24).

De acordo com a mais recente pesquisa do IBGE, relativa ao mês de maio, a atividade industrial caiu em metade das regiões analisadas.

A projeção anterior considerava crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) de 1,8% para 2014.

O novo cálculo será resultante do avanço de 1,5% no setor de serviços, de 2,3% na agropecuária e retração de 0,5% na indústria, segmento que inclui a indústria de transformação e extrativa, construção civil e serviços de utilidade pública.

Caso a projeção se confirme, será o quarto ano consecutivo com crescimento baixo: 2,7% em 2011, 1% em 2012, 2,5% em 2013 e novamente 1% em 2014.

O crescimento do PIB se igualará, assim, ao de 2012, quando também houve queda na atividade industrial.

Na visão da CNI, não há instrumentos disponíveis ao governo neste momento para que haja uma reversão do quadro.

"Acho muito difícil que haja uma mudança de quadro nos últimos cinco meses do ano", afirmou Flávio Castelo Branco, gerente-executivo de política econômica da CNI. "Existe sempre um espaço de tempo entre as medidas serem tomadas e seu impacto efetivo", afirmou.

Ele afirmou ainda que há o efeito das eleições, que trazem insegurança aos empresários e limitem os investimentos.

A revisão do crescimento da economia ocorre um mês após o governo Dilma anunciar um "pacote de bondades" para a indústria, com a manutenção do programa de créditos tributários, o Reintegra, e ajustes no programa de parcelamento de dívidas, Refis.

Segundo Castelo Branco, as medidas foram bem-vindas, mas insuficientes.

"A intensidade da resposta ficou aquém do necessário. As dificuldades do setor industrial refletem a perda de competitividade dos nossos produtos, mais acentuada a partir de 2008. Para alterar isso você precisa mexer nos custos de produção, dos projetos de investimento. Só através dessa redução que vamos ter a resposta positiva", afirmou.

INFLAÇÃO

Para a CNI, a inflação terminará o ano em 6,6%, acima do teto da meta de inflação, que é de 4,5% com tolerância de dois pontos percentuais para cima. A previsão anterior era de 6,4%.

"Nós temos um fator inercial muito forte em serviços, sempre acima de 8% com leve tendência de aceleração. Tem pressão oriunda de tarifas públicas e há pressões no horizonte. E os próprios preços industriais que, embora mais baixos que a média, estão maiores que do ano anterior", afirmou Castelo Branco, reforçando que o cenário aponta para a necessidade de políticas macroeconômicas mais restritivas.

A taxa de desemprego, contudo, continuará baixa, em 5,6%. Se confirmada, representaria um crescimento marginal frente ao verificado no ano passado, quando ficou em 5,4%.

FMI

Nesta quinta-feira (24), o FMI revisou o crescimento do PIB brasileiro para baixo pela quinta vez consecutiva. Segundo as novas previsões, a economia brasileira deve crescer 1,3% em 2014, e não 1,8%, estimativa anterior.

A expectativa do FMI está abaixo da esperada pelo governo brasileiro. Nesta terça-feira (22), o Ministério da Fazenda cortou a projeção de expansão do PIB em 2014 de 2,5% para 1,8%. O Banco Central prevê alta de 1,6%.

Apesar de mais pessimista que o governo, o FMI espera um crescimento maior que o previsto por analistas brasileiros. O Boletim Focus desta semana, feito pelo BC com analistas de cerca de 100 instituições, apontou previsão média de apenas 0,97%.


Endereço da página:

Links no texto: