Folha de S. Paulo


Desonerações e atividade fraca levam arrecadação a ficar estável no semestre

O governo federal recolheu R$ 578,6 bilhões em impostos e demais receitas no primeiro semestre, com expansão real de 0,28% em relação ao mesmo período do ano passado, informou nesta quarta-feira (23) a Receita Federal.

Segundo a Receita, o desempenho da arrecadação, que ficou praticamente estável, se deve às desonerações e à perda de fôlego dos principais indicadores macroeconômicos.

Em junho, a arrecadação somou R$ 91,4 bilhões, com expansão de apenas 0,13% ante junho do ano passado, já considerada a inflação do período.

MOTIVOS

De janeiro a junho, a política de desonerações tributárias custou ao governo R$ 50,7 bilhões. No mesmo período de 2013 somou R$ 35,5 bilhões.

Só no mês passado, o governo deixou de arrecadar R$ 8,5 bilhões com desonerações.

As que mais pesam aos cofres públicos são a da folha de pagamentos, que beneficia 56 setores da economia, a desoneração da Cide (que incide sobre a gasolina) e de IPI, que favorece setores como o de automóveis.

Entre os indicadores econômicos negativos, que contribuíram para a estabilidade da arrecadação, a Receita destaca a queda na produção industrial.

"O mundo real se impõe de forma avassaladora [sobre a arrecadação]", disse o secretário-adjunto da instituição, Luiz Fernando Teixeira Nunes.

A redução na arrecadação de impostos que incidem sobre o lucro –Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e CSLL (Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido)–, principalmente em janeiro e fevereiro, também teria contribuído para o resultado.

"Há inegavelmente uma diminuição dos recolhimentos de tributos associados à lucratividade das empresas", disse Nunes.

O setor que apresentou maior queda na arrecadação dos principais tributos no primeiro semestre foram as entidades financeiras. Foram R$ 7,6 bilhões a menos em relação ao mesmo período do ano passado. O setor automotivo apresentou queda de R$ 2,5 bilhões.

CRESCIMENTO

Mesmo com essas dificuldades, a administração petista aposta num ritmo de crescimento de 2% na arrecadação para cumprir a meta de poupança do ano.

De acordo com o secretário, a previsão está mantida, mesmo com a redução da expectativa oficial do crescimento do PIB.

A estimativa de entrada de R$ 18 bilhões no ano com o programa de parcelamento de dívidas tributárias, o Refis, é o que deve sustentar a meta.

Só em agosto, quando as empresas em dívida que aderiram ao programa devem pagar a primeira parcela, a Receita estima a entrada de R$ 13 bilhões.

VEJA O DESEMPENHO DA ARRECADAÇÃO NO SEMESTRE

RECEITAS 2014 2013 Variação %
IMPOSTO SOBRE IMPORTAÇÃO 18.150 16.917 7,29
IPI - TOTAL 24.494 22.383 9,43
* IPI - fumo 2.788 2.487 12,13
* IPI - bebidas 1.812 1.880 -3,65
* IPI - automóveis 2.122 1.817 16,78
* IPI - vinculado à importação 7.404 6.913 7,11
* IPI - outros 10.368 9.286 11,66
IMPOSTO SOBRE A RENDA-TOTAL 158.138 147.958 6,88
* IR - Pessoa Física 15.593 14.743 5,76
* IR - Pessoa Jurídica 65.863 65.250 0,94
* IR - Retido na Fonte (IRRF) 76.682 67.965 12,82
** IRRF - Rendimentos do Trabalho 44.051 39.854 10,53
** IRRF - Rendimentos de Capital 18.898 16.099 17,39
** IRRF - Rendimentos de Residentes no Exterior 8.955 7.560 18,44
** IRRF - Outros Rendimentos 4.778 4.452 7,32
IOF - OPERAÇÕES FINANCEIRAS 14.233 14.646 -2,82
ITR - IMPOSTO TERRITORIAL RURAL 75 92 -18,56
COFINS - SEGURIDADE SOCIAL 95.642 92.685 3,19
CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP 25.715 24.705 4,09
CSLL - CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SEM LUCRO LÍQUIDO 34.605 33.682 2,74
CIDE - COMBUSTÍVEIS 4 5 -17,75
CONTRIBUIÇÃO PARA O FUNDAF 220 256 -14,23
PSS - CONTRIBUIÇÃO DO PLANO DE SEGURIDADE DO SERVIDOR 12.440 11.419 8,95
OUTRAS RECEITAS ADMINISTRADAS 7.231 6.666 8,47
SUBTOTAL 390.949 371.415 5,26
RECEITA PREVIDENCIÁRIA 166.831 153.873 8,42
ADMINISTRADAS PELA RECEITA FEDERAL 557.780 525.288 6,19
ADMINISTRADAS POR OUTROS ÓRGÃOS 20.814 18.697 11,33
TOTAL GERAL 578.594 543.985 6,36

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