Folha de S. Paulo


Em busca da classe A, empresário lança cachaça com ouro comestível

O empreendedor Leandro Dias, 32, da empresa Dias de Ouro, investiu R$ 500 mil de capital próprio para criar a Middas, uma cachaça com flocos de ouro comestível. O objetivo é atrair a classe A.

"O ouro é associado a poder, sucesso e luxo e a pessoa vai sentir isso ao interagir com a garrafa colocando o metal nobre [que vem em um frasco a parte] na bebida", diz.

A matéria-prima de 23 quilates foi trazida da Alemanha, com qualidade de pureza atestada pela União Europeia. O produto de 700 ml custa R$ 150 e, por enquanto, é vendido apenas no site da empresa.

De acordo com Dias, o projeto da Middas levou um ano para ser desenvolvido. A ideia surgiu após um curso de negócios em Toronto, no Canadá, e de "noites a fio" pesquisando o mercado de luxo para bebidas destiladas.

O produto é um blend composto por uma cachaça de dois anos armazenada em tonel de madeira de amendoim do campo e em aço inoxidável.

Davi Ribeiro / Folhapress
O empreendedor Leandro Dias, 32, lançou uma cachaça com flocos de ouro comestível de 23 quilates
O empreendedor Leandro Dias, 32, lançou uma cachaça com flocos de ouro comestível de 23 quilates

"No Brasil, mudou muito o conceito de a cachaça ser uma bebida da classe baixa. A alta sociedade já consome, mas é um mercado ainda receoso e que precisa ser melhor explorado", afirma.

Segundo Vicente Bastos Ribeiro, presidente do Ibrac (Instituto Brasileiro da Cachaça), o estigma da bebida está ficando para trás por causa da valorização da cultura nacional. Em 2013, os Estados Unidos reconheceram a bebida como um produto genuinamente brasileiro.

O interesse por itens nacionais é potencializado com a Copa do Mundo. Dias diz que decidiu lançar a Middas em maio, às vésperas do Mundial, para "aproveitar a visibilidade do Brasil aos olhos estrangeiros".

"A cachaça teve um processo de enobrecimento", afirma Ribeiro. "Isso se reflete nos lançamentos de produtos 'premium'".

Grandes fabricantes como Velho Barreiro, Ypióca, 51 e Pitú têm suas versões sofisticadas de cachaça custando em torno de R$ 140 por garrafa.

De acordo com o Ibrac, apesar de a cachaça ser a terceira bebida destilada mais consumida do mundo, atrás da vodca e do soju, o Brasil exporta menos de 1% da produção anual, de cerca de 800 milhões de litros. O setor movimenta R$ 7 bilhões por ano.

"O Brasil precisa criar um conselho regulador, assim como existe da Tequila, no México, para projetar a cachaça mundialmente, além disso os produtores não devem só pensar no mercado nacional", diz Ribeiro.

Dias afirma que está negociando a exportação do seu produto para Japão, Alemanha e Estados Unidos. "Estamos numa negociação mais avançada com os japoneses. Eles consomem muita bebida e o ouro para eles traz sorte".


Endereço da página:

Links no texto: