Folha de S. Paulo


Alta de alimentos desacelera, e inflação recua para 0,46% em maio

Uma menor pressão dos preços dos alimentos assegurou uma freada da inflação em maio.

O IPCA, índice oficial do país, ficou em 0,46%, abaixo do 0,67% de abril, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (6).

É a taxa mais baixa para um mês desde setembro de 2013, quando esteve em 0,35%, mas acima do esperado pelo mercado. O índice já vinha em tendência de declínio desde março, quando bateu na taxa recorde para o mês –a mais elevada desde 2003.

Passada a pior fase da estiagem que marcou o verão o começo do outubro, os preços dos alimentos cederam, ajudados ainda pelo enfraquecimento do consumo diante do custo elevado da alimentação e de uma renda que já mostra sinais de desaceleração.

O IPCA acumulado em 12 meses, porém, persiste em patamar alto. Analistas não descartam o estouro do teto da meta do governo (6,5% neste ano).

A inflação acumulada ficou, em maio, em 6,37%. O resultado nessa base de comparação também supera o previsto pelo mercado.

A média da previsão de analistas ouvidos pela Bloomberg era de 0,39% para o mês –já embutindo a expectativa de alta mais moderada de alimentos– e de 6,30% para os 12 meses.

Em ascensão desde janeiro, a taxa em 12 meses é a mais alta desde junho de 2013, quando bateu os 6,7%, e tende a manter uma trajetória de aceleração, já que em meados do ano passado a inflação foi muito baixa, o que não deve se repetir neste ano.

Há uma declínio previsto, mas não na mesma intensidade.

De janeiro a maio, a inflação acumula 3,33%, segundo o IBGE.

Editoria de Arte/Folhapress
Indicadores - Evolução do IPCA
Indicadores - Evolução do IPCA

ALIMENTOS

O recuo da inflação dos alimentos de maio se deu em razão do arrefecimento dos reajustes dos alimentos, que subiram 0,58% em maio, menos do que os 1,19% de abril.

A expectativa de taxas mais baixas de inflação em medidas deste ano levou o Banco Central a interromper a trajetória de aumento da taxa de juros, que já "cumpriu" o papel, no entender do governo, de esfriar a economia e conter reajustes.

A taxa Selic está em 11% ao ano.

Para analistas, porém, há um controle artificial dos preços, com o represamento dos aumentos de gasolina, energia (o custo maior de usar as térmicas no verão por conta do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas foi adiado para 2015) e ônibus em algumas capitais. Todos itens de grande peso no IPCA.

Também contribuíram para a desaceleração do IPCA de abril para maio as altas mais moderadas de habitação (de 0,87% para 0,61%) e transportes, que registrou deflação de 0,45% em maio na esteira das quedas de importantes itens como passagens aéreas (queda de 21,11%), álcool (recuo de 2,34%) e gasolina (que caiu 0,35%).

Em habitação, a menor pressão veio de redução da taxa de água e esgoto (queda de 5,25%) diante dos descontos dados pelo governo paulista para os consumidores que economizarem por conta do baixo nível do reservatório de Cantareira.

Por outro lado, puxaram a inflação de maio para cima os grupos vestuário (0,84%), sob efeito das novas coleções de inverno, e despesas pessoais (0,80%) –grupo que concentra os serviços e pode ter relação com a Copa.


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