Folha de S. Paulo


Mantega culpa inflação e juros por PIB fraco e prevê melhora no 2º trimestre

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) no primeiro trimestre, de 0,2%, ficou um pouco abaixo da expectativa do governo, que projetava 0,3%.

Os dados divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira (30) mostraram perda de fôlego na indústria (-0,8%) e nos investimentos (-2,1%) e um ritmo mais moderado no consumo das famílias (-0,1%).

Mantega afirmou que os juros mais altos e a inflação causaram a queda no consumo das famílias. Segundo ele, a conjunção desses fatores tornou o crédito caro, impedindo o crescimento do consumo.

"Tivemos um crescimento da massa salarial de 4% nos últimos doze meses, e isso nos dá um potencial de consumo que está sendo segurado pelos juros bancários caro e escasso", disse.

No entanto, o ministro vê como "producente" a estratégia do governo no combate à inflação, com maior esforço monetário – a taxa básica de juros atual está a 11% ao ano –, mas com poucos freios fiscais.

"A nossa estratégia é producente ao crescimento. Os juros são um remédio necessário para conter a inflação. Infelizmente, os efeitos são esses. À medida que a inflação cair, haverá uma retomada do consumo."

Segundo ele, a maior frustração se deu no setor de telecomunicações, que caiu 5% no período.

"Acho que deve ter crescido mais. As avaliações estatísticas nem sempre são precisas, e talvez o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revise esse número depois."

Segundo Mantega, a Copa terá efeito diverso sobre a economia brasileira. Para a indústria, segundo ele, os feriados durante os jogos terão impacto negativo na produção.

No entanto, para comércio e serviços, o evento ajudará no aumento do consumo, principalmente nos setores de hotelaria e alimentação.

Editoria de Arte/Folhapress

CENÁRIO INTERNACIONAL

Mantega também culpou a economia internacional para justificar o baixo crescimento do país no primeiro trimestre.

Segundo ele, a economia mais dinâmica do momento, a dos Estados Unidos indica ainda uma incerteza no cenário externo.

"Os investimentos caíram e a demanda não cresceu, o que significa que eles importaram menos. A Europa também demonstra um crescimento pequeno. O cenário internacional nos foi desfavorável e influenciou o baixo crescimento do primeiro trimestre", afirmou.

Ele conclui que o segundo trimestre será melhor, com a estabilidade cambial e a volta da confiança nos países emergentes.

"Desde dezembro do ano passado, quando o FED (o banco central americano) começou a reduzir os estímulos à economia, houve uma crise de confiança que abalou a Bolsa e o câmbio. Agora, essa volatilidade já foi controlada", disse.

"Os fluxos de capitais e investimentos estrangeiros voltaram", complementou.

REVISÃO

Mantega chamou a atenção para a revisão feita pelo IBGE do PIB de 2013.

O crescimento do país no último ano passou de 2,3% para 2,5%. A retificação foi considerada normal pelo ministro, que comemorou os novos números.

"A indústria e os investimentos foram os mais significativos, principalmente a indústria de transformação, que passou de um crescimento de 1,9% para 2,7%", disse o ministro.


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