Folha de S. Paulo


PIB dos EUA tem primeira retração em três anos

A economia americana, a maior do mundo, teve, no período de janeiro a março, a primeira retração em três anos, aumentando as desconfianças sobre a força da atual recuperação.

Após revisão, o PIB do primeiro trimestre encolheu 1% ante os últimos três meses do ano passado na taxa anualizada. A estimativa inicial apontava avanço de 0,1%.

Foi o pior desempenho desde o primeiro trimestre de 2011, quando a economia teve retração de 1,3%.

É comum que o governo revise seus dados iniciais, mas, desta vez, o recuo foi mais forte do que as expectativas de Wall Street.

Economistas esperavam que a nova análise mostrasse uma contração de apenas 0,5%.

O resultado decepcionante foi resultado principalmente de um ritmo muito mais lento de acúmulo de estoques, como impacto do rigoroso inverno deste ano.

SEM RECESSÃO

Apesar do resultado fraco, vários economistas não acreditam que os EUA estejam voltando para uma recessão, como a iniciada no fim de 2007 e que durou até meados de 2009, quando milhões de empregos foram perdidos.

No quarto trimestre do ano passado, a economia se expandiu a uma taxa de 2,6%. Em 2013, a economia dos EUA cresceu 1,9%, também uma desaceleração considerável comparada com a expansão de 2,8% no ano anterior.

"A revisão para baixo é quase inteiramente porque os estoques foram um obstáculo muito maior para o crescimento do que se pensou antes", disse Paul Ashworth, da Capital Economics em Toronto, ao "Financial Times".

As empresas acumularam US$ 49 bilhões em estoques, bem menos do que os US$ 87,4 bilhões estimados no mês passado. Foi o menor volume em um ano.

Os estoques subtraíram 1,62 ponto percentual do PIB do primeiro trimestre, mas devem ajudar o crescimento neste próximo período.

Editoria de Arte/Folhapress

RECUPERAÇÃO

A expectativa, contudo, é que os mercados descartem os números divulgados agora, considerando os fatores climáticos que pesaram sobre o crescimento e os sinais de que a atividade econômica já está se recuperando.

Dados que vão desde o desemprego até a atividade manufatureira sugerem que o crescimento terá uma aceleração forte no segundo trimestre, podendo chegar a 3% no resto do ano.

No mês passado, o relatório sobre o fraco desempenho da economia americana não influenciou a decisão já esperada do Fed (banco central dos Estados Unidos) de cortar mais US$ 10 bilhões de seu pacote de estímulos.

O comitê de política monetária do Fed se mostrou convencido de que a estagnação da economia no início de 2014 foi circunstancial.

Outros números do trimestre foram revisados. Os gastos de consumidores americanos, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos Estados Unidos, cresceu a uma taxa de 3,1%, e não de 3%, como divulgado antes.


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