Folha de S. Paulo


Mercado de imóveis competitivo exige projeto mais adequado à cidade e ao comprador

O mercado imobiliário paulistano está mais competitivo.

Isso é bom para o mercado, porque exige que ele se desenvolva, com projetos mais adequados a quem precisa comprar um imóvel. Bom para os clientes, que terão opções de projetos mais interessantes, mais completos. E bom para a cidade, que ficará mais bonita e agradável com edifícios cuidadosamente desenhados.

IMÓVEL SOB MEDIDA

A principal origem dessa competitividade é a alta dos preços. Com mais crédito e estabilidade econômica, a demanda por imóveis no Brasil aumentou, e o preço, nos últimos cinco anos, em média, mais do que dobrou.

Subiu também o preço das duas principais matérias-primas: terreno e construção civil.

Nesse novo cenário, uma das alternativas das empresas foi preferir imóveis menores. E existe demanda para eles: investidores, pessoas que moram sozinhas e as que preferem um espaço menor, mas perto do trabalho, entre outros. Mas são projetos que têm mais sentido em bairros com boa infraestrutura, perto de áreas comerciais e com fácil acesso ao metrô.

Em bairros com vocação para apartamentos maiores, a tendência é que esse tipo de projeto seja retomado. Mas numa configuração diferente dos últimos dez anos, que foram marcados pelo condomínio-clube e por um estilo bege, neutro de fachada.

Os condomínios-clubes e seus serviços, que não fizeram sentido para seus compradores, estão sendo substituídos por lançamentos de uso misto, que combinam residências e escritórios no mesmo empreendimento.

Esses projetos evitam o deslocamento urbano e, com áreas comerciais no térreo, são abertos para a rua, o que deixa o espaço público mais agradável e mais seguro.

Uma nova safra de prédios menores está aparecendo em bairros consolidados (como Jardins e Perdizes), com terrenos pequenos e bem localizados. São projetos mais intimistas e simpáticos ao bairro e plantas inteligentes –num modelo parecido com a do PH Contemporâneo, um estilo de "predinho moderno", popular em Palermo e Buenos Aires (Argentina).

As fachadas desses novos projetos são mais criativas, às vezes com brises e intervenções de artistas plásticos. E os detalhes ""janelas amplas, relação simpática do prédio com a rua, plantas abertas e varandas proporcionais– recuperam a tradição que tínhamos nos anos 1950 e 1960.

Foi uma época em que o desenvolvimento de bairros como Higienópolis imprimiu ao mercado imobiliário a nossa melhor arquitetura.

EDUARDO ANDRADE DE CARVALHO é sócio da Moby Incorporadora


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