Folha de S. Paulo


Nextel 'aluga' rede da Vivo por R$ 1,27 bilhão

A Nextel pagará pelo menos R$ 1,27 bilhão à Vivo para que a operadora, líder nacional, preste o serviço 2G e 3G em seu lugar em 3.259 municípios durante cinco anos.

O acordo não vale para o serviço 4G e poderá ser renovado por mais dois anos.

É a primeira vez que uma operadora no Brasil adota esse tipo de medida. No mundo, há poucos acordos similares. Há experiências parecidas na Espanha e no Chile.

No início do ano, o acordo foi divulgado ao mercado e submetido à Agência Nacional de Telecomunicações, que deu aval prévio e manteve os termos em sigilo.

A Folha obteve o contrato.

De acordo com ele, a Nextel pagou inicialmente R$ 239 milhões à Vivo pela instalação de equipamentos para a implantação do projeto de complementaridade de redes.

Estão previstos cinco pagamentos anuais mínimos de R$ 44,2 milhões, R$ 132,1 milhões, R$ 237,1 milhões, R$ 263 milhões e R$ 361,5 milhões, respectivamente, totalizando R$ 1,037 bilhão.

Essa é a receita mínima projetada com base no tráfego de chamadas telefônicas, torpedos e no consumo de internet no prazo do contrato.

Editoria de arte/Folhapress

Caso esse volume ultrapasse o esperado, haverá redução no preço cobrado pela Vivo. Caso fique abaixo, a Nextel pagará o valor mínimo definido no contrato.

ESTREIA

Até 2010, a Nextel só prestava serviço de chamadas por ondas de rádio. Com o leilão de licenças de celular, naquele ano, a empresa obteve o direito de operar em 3G, tornando-se a última a entrar nesse mercado ao pagar R$ 1,4 bilhão pelas licenças.

Passou, então, a seguir um cronograma de instalação de infraestrutura própria (antenas, por exemplo) definido pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações).

A oferta do serviço ao cliente só começou no ano passado nos principais centros.

Em dificuldades financeiras, a Nextel está atrasada na instalação de sua rede 3G. Para operar com essa tecnologia em escala nacional logo, gerando receita, sua controladora (a americana NII Holding) negociou o acordo de aluguel de rede diretamente com a Telefónica, na Espanha, que controla a Vivo.

Só depois, a Vivo e a Nextel no Brasil passaram a negociar.

A Folha apurou que, inicialmente, a Vivo foi contrária porque havia risco de sobrecarga na rede e estaria fortalecendo um concorrente.

O mesmo acordo também foi assinado no México, entre a Nextel e a Movistar, subsidiária da Telefónica.

Pelo contrato, as empresas farão reuniões trimestrais e trocarão informações sobre o tráfego de chamadas e dados para que o serviço tenha a qualidade da Vivo, sem prejudicar seus próprios clientes. A parceria não permite o acesso comercial da Vivo aos clientes da Nextel.

MESMA ÁREA

A parceria entre as duas concorrentes permitirá que os clientes da Nextel que usarem o serviço 3G tenham cobertura na área de abrangência da Vivo.

A operadora, controlada pela Telefônica, vai usar sua capacidade ociosa para atender os clientes da Nextel, que pagará à concorrente pelo uso de sua rede.

Isso significa que haverá mais um concorrente na área da Vivo.

O contrato possui travas de segurança para que os clientes da Vivo não sofram perda de qualidade.

Para isso, ficou estabelecido um limite de tráfego. Clientes da Nextel que não quiserem migrar de tecnologia terão de ser atendidos pela rede da própria Nextel.


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