Folha de S. Paulo


Em ano que começa frio, queima de estoque é prioridade das construtoras

2014 será um ano para queimar estoque. Segundo pesquisa da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio), há 18.619 unidades lançadas e não vendidas na cidade de São Paulo.

Para ajustar a oferta, as construtoras já reduziram os lançamentos em 45,3% nos dois primeiros meses do ano. As vendas, por sua vez, caíram 27,5% ante o primeiro bimestre de 2013, ainda segundo a Embraesp.

Neste cenário, as ações de construtoras como feirões virtuais e outlets, que marcaram 2013, devem continuar.

CASA PRÓPRIA EM FOCO

A construtora e incorporadora Kallas estará no feirão da Caixa, que se inicia na próxima sexta-feira, em São Paulo, com empreendimentos prontos ou quase finalizados.

"Um dos objetivos é acabar com o que temos de estoque", diz Nicolau Sarquis, diretor da construtora Kazzas, empresa da Kallas que atua no segmento econômico.

Ricardo Stella, diretor comercial e de marketing da incorporadora e construtora Trisul, diz que a empresa estuda fazer, neste ano, mais ações diferenciadas em estandes para atrair clientes.

"Muitas empresas ainda têm estoque grande e acredito que haverá campanhas para essas unidades", diz Carlos Valladão, da agência de publicidade Eugenio, que atende diversas construtoras.

Em um ano atípico –com Copa do Mundo em junho e eleições em outubro– é preciso ajeitar o calendário. Segundo Stella, a Trisul está antecipando lançamentos e campanhas remanescentes para antes de junho.

Profissionais do setor negam, porém, que os eventos tenham impacto sobre os preços dos imóveis, e classificam o "ano curto" como "duro" por outros fatores, como juros altos e inflação subindo.

"O efeito [do Mundial] é quase nulo, exceto onde há forte investimento em infraestrutura, mas o impacto será pelas obras permanentes e não pela Copa passageira", diz Celso Amaral, diretor da Geoimovel.

Se o mercado se mantiver estável, o que, segundo Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP (sindicato do mercado imobiliário), é possível "desde que a macroeconomia não se deteriore", o momento é bom para pesquisar e negociar preços na compra da casa própria.

Determinar com antecedência as características do imóvel que procura ajuda a ter foco na hora da pesquisa.

"O maior poder do consumidor é entrar na negociação decidido sobre suas condições", diz Leandro Caramel, superintendente de atendimento da Habitcasa, empresa da imobiliária Lopes.
Antes de ir à caça, identifique necessidades de moradia, como tamanho e localização do imóvel, vagas na garagem e opções de lazer. Estabeleça quanto pode esperar até a mudança e faça um planejamento financeiro.

Quem tem pressa para se mudar deve optar pelo imóvel pronto, que pode ter usufruto quase imediato.

O metro quadrado de um imóvel usado costuma ser mais barato que o de um novo de mesmo tamanho. Além disso, como na compra do usado é comum o contato direto com o proprietário, o contrato é mais flexível e a chance de negociar, maior.

Segundo José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo), os descontos na hora da compra variam de 3% a 15%.

O usado, no entanto, requer maior disponibilidade financeira para arcar com a entrada e pode precisar de reformas que anulariam a vantagem do preço. "Veja o estado de conservação do imóvel, procure manchas, fissuras e umidade", diz Roseli Hernandez, diretora da imobiliária e administradora Lello.

O estilo de vida dos futuros moradores é outro item a ser considerado. Apartamentos antigos são, em geral, mais espaçosos. Já os novos costumam oferecer mais vagas para carros e infraestrutura, como piscina e academia.

A possibilidade de parcelamento da entrada, que pode chegar a 20% do valor do imóvel, é outro atrativo da moradia na planta.

Para quem não pode esperar, no entanto, o negócio não é bom. "O imóvel pode demorar três anos para ser entregue", diz Hernandez.

Colaborou ANAÏS FERNANDES

editoria de arte/folhapress
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