Folha de S. Paulo


Fazenda diz que rebaixamento de nota é 'contraditório com solidez' do Brasil

O Ministério da Fazenda comentou agora, em comunicado, que a decisão da agência Standard&Poor's (S&P) de rebaixar a nota de avaliação do Brasil de "BBB" para "BBB-" é "inconsistente com as condições da economia brasileira" e "contraditória com a solidez e os fundamentos do Brasil".

Segundo a agência, que alterou a classificação de risco do país nesta segunda-feira (24), o rebaixamento reflete a combinação da situação fiscal difícil no Brasil com a perspectiva de baixo crescimento nos próximos anos, além de uma piora nas contas externas.

"Embora a agência alegue que o crescimento econômico foi uma das razões para sua decisão, é importante destacar que o Brasil, no período da crise internacional iniciada em 2008, cresceu 17,8%, uma das maiores taxas acumuladas de crescimento entre os países do G-20."

"No ano passado, o País cresceu 2,3%, desempenho superior à maioria dos países deste grupo", rebateu o ministério.

DESEMPENHO FISCAL

Sobre as críticas ao desempenho fiscal do país, o ministério afirma que o Brasil tem gerado um dos maiores superavits primários do mundo.

Em 2013, o governo poupou 1,9% do PIB para pagamento dos juros da dívida pública, "suficiente para reduzir o endividamento público, tanto bruto (de 58,8% do PIB para 57,2% do PIB) quanto líquido (de 35,3% do PIB para 33,8% do PIB)".

De acordo com o ministério, a agência é equivocada ao questionar o nível de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no país.

"Vale lembrar que o País tem estado entre os 5 maiores receptores mundiais de IED e que, nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2014, ingressaram US$ 65,8 bilhões somente nessa rubrica."

O ministério comenta ainda que a economia brasileira tem baixa vulnerabilidade externa, "pois possui o quinto maior volume de reservas internacionais no G-20, o que corresponde a 10 vezes a dívida externa de curto prazo".

PERSPECTIVA ESTÁVEL

O Ministério da Fazenda ressaltou na nota divulgada há pouco que o Brasil mantém sua condição de grau de investimento, com "perspectiva estável".

Afirmou ainda que o compromisso com o cumprimento da meta de superavit primário de 1,9% do PIB neste ano será cumprido, "com a prioridade ao investimento e com a promoção do crescimento sustentável de longo prazo".

O ministro Guido Mantega (Fazenda) e o Banco Central receberam a delegação da agência de classificação de risco na semana retrasada para uma rodada de conversas sobre a situação econômica do país.

A S&P foi a primeira agência a elevar o Brasil ao nível de grau de investimento, em 2008, tirando o país da lista de economias consideradas "especulativas".

Em junho do ano passado, a companhia colocou a nota brasileira em observação, com possibilidade de rebaixamento.


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