Folha de S. Paulo


'Governo não deixará que haja risco para distribuidoras', diz Tolmasquim

O presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Maurício Tolmasquim, afirmou nesta quarta-feira (12) que o governo está "atento" à questão financeira que vem sobrecarregando as empresas de distribuição de energia e não deixará "que haja qualquer risco" para essas empresas.

Segundo ele, a maior necessidade de contratação de usinas térmicas –que vem ocorrendo desde o fim de 2012 em função da seca prolongada que afeta o país– e de compra de energia no mercado livre por essas empresas, a um custo mais alto, resultou em "uma conta grande para ser paga".

"Mas estamos acompanhando e o governo não deixará que aconteça nada com as distribuidoras", completou.

A afirmação do presidente da EPE vem em um momento em que ainda se aguarda definição, por parte do governo, sobre uma ajuda às distribuidoras, para cobrir gastos feitos em fevereiro.

Estimativas do mercado indicam que essa conta possa chegar a R$ 3,7 bilhões.

Na última sexta-feira (7), o governo publicou um decreto em que garante um socorro a essas empresas da ordem de R$ 1,2 bilhão, suficiente para atender parte da conta dessas empresas para o mês de janeiro.

Segundo as próprias distribuidoras, a conta total no período havia sido de R$ 1,8 bilhão.

CHUVA

Já o diretor-geral do ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), Hermes Chipp, afirmou que simulações feitas pelo órgão são capazes de indicar que o país não corre risco de ficar sem energia.

"Apenas se vier um regime de chuvas pior que toda a série histórica", afirmou.

Apesar da hidrologia ter registrado, em janeiro e fevereiro, a pior situação dos últimos 80 anos, o governo vem identificando uma melhora ao longo do mês de março.

OBRAS

O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, defendeu a gestão da pasta sobre as obras do setor. Para ele, o governo "não tem miopia sobre o que ocorre no setor".

Segundo o secretário, é feito "um acompanhamento perfeito" sobre a evolução de todas as obras que estão em andamento no país, sejam elas de geração ou transmissão de energia.

Da mesma forma, o governo também acompanha, de acordo com o secretário, todos os atrasos que ocorrem nessas construções.

"A primeira reação, instantaneamente, [diante de atrasos] é dizer que o sistema está fragilizado. Mas não. Há um planejamento para essa expansão e temos hoje um equilíbrio estrutural no sistema elétrico", afirmou.

Para ele, o crescimento das fontes de geração de energia e de transmissão expande adequadamente no país.

"Podemos afirmar tranquilamente que o Brasil está equilibrado na oferta de energia", disse.

Ele explicou ainda que o maior enfoque na construção de hidrelétricas que não têm reservatórios, ou seja, que só aproveitam a força da água ao longo do curso dos rios -chamadas de usinas fio d'água- ocorre porque essas construções resultam em menor impacto ambiental, ao comparar com as usinas com reservatórios.

As explicações das autoridades do setor elétrico foram feitas durante audiência pública no Senado Federal, na Comissão de Infraestrutura.


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