Folha de S. Paulo


Classe C dá mais atenção a marcas e qualidade do produto, diz estudo

A classe média brasileira, formada por 108 milhões de consumidores e que movimentou R$ 1,17 trilhão em 2013, dá mais valor a marca, preço e qualidade do que consome hoje do que há um ano.

Sete em cada dez desses brasileiros se preocupam mais com qualidade e preço e 57% deles dão mais atenção às marcas dos produtos nas compras feitas de uma forma geral.

Comportamentos como esse foram revelados no estudo "Faces da Classe Média", realizado durante um ano em parceria pela Serasa Experian e o instituto Data Popular, que mapeou os diferentes perfis de consumidores que integram a chamada classe C.

Estão nessa faixa famílias com renda per capita de R$ 320 a R$ 1.120, segundo critérios estabelecidos pelo governo. Considerando quatro pessoas em cada família, a renda média gira em torno de R$ 3.000 mensais.

De cada R$ 100 gastos pela classe média, R$ 46 foram desembolsados na região Sudeste do país, onde estão mais concentrados esses consumidores.

Em seguida, aparecem as regiões Nordeste, responsável por 22% do consumo dessa classe, Sul (16%), Centro-Oeste (8%) e Norte (7%).

O estudo aponta que os brasileiros dessa faixa de renda já movimentam 58% do crédito no Brasil.

"Se esse contingente de pessoas formasse um país, ocuparia o 18° lugar no ranking das 20 nações com maior consumo do mundo", diz Ricardo Loureiro, presidente da Serasa Experian.

A previsão é que a classe média, que hoje representa 54% da população brasileira, chegue a 125 milhões de pessoas em 2023 –o que deve corresponder a 58% da população.

"É uma classe que não pode ser entendida como uma massa homogênea e que não deve ser tratada de uma só forma", diz Renato Meirelles, presidente do instituto. "Será que 108 milhões de pessoas consomem da mesma forma?", questiona.

SEGMENTAÇÃO

Para responder a essa questão, o estudo segmentou os consumidores em quatro grupos com comportamentos distintos na hora de comprar, buscar oportunidades e priorizar serviços e produtos que pretendem adquirir nos próximos 12 meses.

São eles: os batalhadores (39% da classe média), os experientes (26%), os promissores (19%) e os empreendedores (16%).

Editoria de Arte/Folhapress

"Quanto mais experiente esse consumidor, mais propenso está a optar pela qualidade dos produtos e pelo preço", diz Meirelles. Esse grupo –dos experientes– é formado, em sua maior parte, por consumidores que trabalham como autônomos, têm hábitos mais conservadores e trazem no currículo o ensino fundamental completo.

No grupo "empreendedores" estão os que dão mais valor a marcas, valorizam a política do "faça você mesmo" e acessam constantemente a internet. "É um grupo importante, como se fosse a classe A da classe C", diz o presidente do Data Popular.

Para os consumidores com perfil de "batalhadores", o que ganha destaque na hora de consumir é o preço e a relação "custo-benefício" que o produto oferece. São consumidores que trabalham com carteira assinada, sempre que podem parcelam as compras e estudam com o desejo de prosperar.

Já os "promissores" consideram mais a marca do produto do que o preço na hora de comprar. São mais inexperientes na relação com o crédito –metade já passou por momentos de descontrole financeiro–, acessam mais a internet e estão mais próximos do grupo de jovens que integram a turma do chamado "rolezinho".

Para o presidente da Serasa Experian, o estudo permitirá que empresas e o poder público possam criar estratégias mais eficientes para atender com mais precisão a necessidade desses consumidores.


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