Folha de S. Paulo


Índice do BC aponta queda na economia por 2 trimestres seguidos

A atividade econômica brasileira fechou 2013 com expansão de 2,52%, segundo estimativa do Banco Central, avanço mais expressivo do que o verificado no ano anterior, quando a economia cresceu apenas 1,64% de acordo com os cálculos da instituição.

Os dados do IBC-BR, indicador divulgado nesta sexta-feira (14) pelo BC, no entanto, apontam retração nos dois últimos trimestre do ano.

As informações da autoridade monetária mostram que o último semestre de 2013 foi especialmente ruim para a economia brasileira. Após avanço de 1,3% nos três primeiros meses do ano e nova alta de 0,7% no período de abril a junho, o indicador ficou no vermelho o resto do ano.

Houve retração de 0,2% na atividade no terceiro trimestre, uma queda que se repetiu nos três últimos meses de 2013.

Em dezembro, a redução da atividade econômica foi de 1,35% frente ao mês anterior. Neste caso, a comparação é feita excluindo-se os fatores sazonais, como o efeito das compras de final de ano, por exemplo.

Em 2012, o último mês do ano havia apresentado alta de 0,26% também na série ajustada.

PIB

O índice já foi considerado uma "prévia" do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) –que será apresentado pelo IBGE no final deste mês–, mas deixou de ser usado assim porque os resultados não são próximos.

O indicador apontou Os dados do IBGE já indicaram uma retração no terceiro trimestre (-0,5%), mas o dado oficial dos últimos três meses do ano ainda não saiu.

No ano passado, a divergência entre o número apresentado pelo BC e o instituto foi grande e levantou debate sobre as metodologias utilizadas. Enquanto o IBC-BR calculou a expansão da atividade econômica em 1,65%, o IBGE apontou alta de apenas 0,9% –índice posteriormente revisado para 1%.

Ao longo de 2013, o mercado alterou intensamente suas projeções para o PIB. No início do ano, antecipava expansão de pelo menos 3,1% na atividade econômica, segundo o relatório Focus do Banco Central, que apura as expectativas de analistas e instituições privadas.

A última estimativa, publicada no mês passado, era de 2,28%, abaixo do que mostrou o BC.

Para este ano, as projeções começaram mais pessimistas. O mercado espera avanço de 1,9% no PIB, de acordo com o último relatório Focus.

Editoria de Arte/Folhapress

RESULTADO ESPERADO

O desempenho da atividade econômica em dezembro, segundo analistas ouvidos pela Folha, era esperado diante dos fracos resultados da indústria e do varejo, já antecipados pelo IBGE.

As vendas no comércio varejista no último mês de 2013 caíram 1,5% frente a novembro após os ajustes sazonais. Das dez atividades que compõem o varejo, seis apresentaram retração, com destaque para as vendas de móveis e eletrodomésticos e de veículos.

O resultado do comércio varejista indica o comportamento do segmento de serviços, que representa 65% da atividade econômica brasileira.

Já a atividade industrial, que corresponde a cerca de um quarto do PIB, caiu ainda mais em dezembro: 3,5%.

"Esperávamos uma queda de 1,5%, porque a indústria vinha acumulando estoques e o aumento da produção acaba sendo limitado mesmo. Mas veio ainda pior. Foi particularmente muito ruim, porque atingiu a produção de bens de capital, que vinha sustentando a indústria ao longo do ano", afirmou Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências.

No ano, a indústria cresceu 1,2% e as vendas no varejo aumentaram 4,3%, o que impulsionou o resultado positivo deste ano.

O comportamento da atividade no segundo semestre é explicado em parte pelo endividamento das famílias, por volta de 45% da renda, e pela inflação, que no ano passado fechou em 5,91%, próxima ao teto da meta de 6,5% ao ano.


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