Folha de S. Paulo


Câmbio mais favorável não se refletiu ainda em melhora da indústria

O câmbio mais favorável às exportações brasileiras e mais restritivo, em tese, às importações nos últimos meses não se traduziu ainda em melhora na produção da indústria de setores que poderiam se beneficiar desse fenômeno, mostram os dados do IBGE.

De novembro para dezembro, setores que são ou exportadores ou sofrem forte concorrência de importados registraram queda de produção. É o caso de papel e celulose (0,4%), madeira (-2,1%), calçados e artigos de couro (-13,4%) e metalurgia básica (-7,4%, puxada pela produção menor de aço).

A indústria como um todo teve retração de 3,5% no último mês do ano, o pior resultado em cinco anos. Em 2013, houve avanço de 1,2% na produção brasileira.

Categoria com maior peso da indústria (cerca de 60%), a de bens intermediários registrou queda de 3,9% de novembro para dezembro, a maior perda desde o mesmo mês de 2008, quando o país vivia o pico da crise global daquele período.

Os bens intermediários são os que mais sofrem efeito de importações. A categoria é formada por matérias-primas, peças, insumos que são usados na fabricação de bens de consumo usados pelas famílias, empresas ou destinados à fabricação de outros produtos ou ao transporte. Boa parte desses itens são importados.

Sob impacto das crescentes compras de insumos no exterior em 2013, a categoria fechou o ano estável frente a 2012. O resultado é pior do que a expansão de 1,2% da indústria geral.

O desempenho só superou a queda de 0,5% dos bens de consumo semi e não duráveis, cuja retração decorreu das perdas de ramos como alimentos (-0,2%, em parte diante de exportações menores de produtos industrializados e da fraca demanda no país em meio à alta dos preços), têxtil (-1,6%), bebidas (-4,1%) e farmacêutica (-9,7%).

Para André Macedo, além do câmbio, os estoques elevados de alguns ramos –como a siderurgia– explicam o fraco desempenho dos bens de intermediários.

O crescimento da indústria em 2013 foi sustentado pelo avanço das categorias de bens de capital (13,3%) e bens duráveis (0,7%), impulsionados, respectivamente pela maior produção de máquinas, equipamentos e veículos destinados ao investimento e automóveis e eletrodomésticos.

Editoria de Arte/Folhapress

Endereço da página:

Links no texto: