Folha de S. Paulo


Acordo contra uso de soja de áreas desmatadas será encerrado

Um acordo de ONGs ambientalistas com empresas de soja existente desde 2006 para impedir a comercialização de grãos provenientes de áreas desmatadas será encerrado no fim deste ano.

A decisão foi tomada em reunião do grupo de trabalho da soja realizada na sexta-feira (31), em Brasília. O Ministério do Meio Ambiente e as ONGs, capitaneadas pelo Greenpeace, defendiam a manutenção do acordo, conhecido como moratória da soja, mas as empresas resistiram. O meio-termo encontrado foi a manutenção do acordo só até o fim do ano.

Ficou definido que, durante esse ano, os integrantes do grupo de trabalho discutirão novas medidas para substituir a moratória e controlar o desmatamento nas áreas de soja. A ideia é usar como base o sistema de Cadastro Ambiental Rural, em fase de implantação pelo governo federal, pelo qual todos os proprietários rurais terão que se cadastrar.

A moratória da soja é considerada como responsável por uma diminuição acentuada do desmatamento nas áreas de plantio do grão. Pelo acordo, as empresas se comprometeram a não comercializar nem financiar a soja produzida em áreas que foram desmatadas na Amazônia.

"É um risco grande trocar um mecanismo que está funcionando por um que nem começou e ainda vai ser testado", afirmou Paulo Adário, do Greenpeace, um dos idealizadores do acordo.

A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse à Folha que vão complementar o cadastro rural com monitoramento do governo federal para manter o controle sobre o desmatamento da soja. "Não vamos tolerar que haja retrocesso", afirmou.

Em nota, uma das representantes do setor privado, a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), informou que "o novo programa deverá ter como missão contribuir para que o sojicultor esteja em conformidade com o novo Código Florestal Brasileiro e, desta forma, concilie a produção de alimentos com a conservação ambiental. A ênfase dos trabalhos será no incentivo e apoio aos sojicultores para fazerem o Cadastro Ambiental Rural nos órgãos ambientais".


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