Folha de S. Paulo


Desemprego chega a menor nível, mas reajuste do salário desacelera

Apesar do fraco crescimento da economia e da moderação do consumo, a taxa de desemprego das seis maiores regiões metropolitanas do país caiu para 5,4% na média de 2013, a menor marca da série histórica da Pesquisa Mensal de Emprego IBGE, iniciada em 2002.

O resultado, porém, se descola do rendimento, que já não cresce no ritmo dos anos anteriores. Os dados foram divulgados pelo instituto na manhã desta quinta-feira (30).

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Em dezembro, o desemprego ficou em 4,3%, abaixo dos 4,6% registrados em novembro e em dezembro de 2012 –em ambos os casos, era o mais baixo nível mensal até então. Agora, o menor patamar ficou com a taxa de dezembro do ano passado.

Em 2012, a taxa foi em 5,5% (veja tabela abaixo). O mercado de trabalho aquecido se contrapõe ao modesto desempenho da economia, cuja expansão não deve atingir 2,5% em 2014.

A renda, no entanto, não cresce mais no mesmo vigor de antes. Em 2013, o rendimento médio ficou em R$ 1.929,03, uma alta de apenas 1,8% sobre 2012, quando o avanço havia sido maior, de 4,1%.

De novembro para dezembro, houve queda de 0,7% na remuneração dos trabalhadores.

A desaceleração é resultado da freada do crédito para o consumo, do menor reajuste do salário mínimo (e a consequente injeção de menos recursos na economia), da confiança reduzida de empresários, além de inflação (que corrói a renda) e juros mais elevados.

Editoria de Arte/Folhapress

Diante disso, a criação de novas vagas perdeu força e avançou somente 0,7% em 2013, chegando a um contingente de 23,3 milhões de ocupados nas seis regiões. Trata-se do menor crescimento desde 2009, ano mais agudo da crise global, quando o ritmo de expansão igualou o do ano anterior. Em 2012, o incremento da ocupação fora de 2,2%.

Segundo Adriana Araújo, técnica do IBGE, a variação dos ocupados ficou "praticamente estável" e não mostrou um avanço expressivo. A mesma leitura, diz, vale para a taxa de desemprego, que oscilou perto da estabilidade.

Já os desocupados somaram 1,3 milhão de pessoas, na média anual, com leve recuo, de 0,1% na média de 2013.

Os números do IBGE indicam que a pequena redução da taxa de desemprego se deu pela menor procura de trabalho, já que não foram criadas vagas em quantidade expressiva.

NOVA PESQUISA

O ano de 2014 será o último da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE, realizada nas regiões metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Paralelamente, ocorre a coleta dos dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) Contínua, cuja abrangência chega a 3.500 cidades.

Embora seja mais ampla, a nova pesquisa do IBGE será feita trimestralmente. A PME é divulgada todo mês. O instituto também não conseguiu incorporar ainda os dados de rendimento do trabalho e a ocupação por setores de atividade. A previsão é que isso aconteça até o final do ano.

As pesquisas não são comparáveis por conta da mudança metodológica e de abrangência. Ou seja, em tese, perde-se a série histórica. A PME continuará sendo pesquisada ainda ao longo de todo este ano, inclusive no que tange ao rendimento mensal.

Ainda que não comparáveis, a nova pesquisa mostra uma taxa de desemprego mais elevada –de 7,4% no segundo trimestre de 2013, último dado disponível. A maior abrangência e a captura de dados de áreas menos desenvolvidas são os principais motivos para a diferença, segundo o IBGE.


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