Folha de S. Paulo


Nova pesquisa do IBGE mostra taxa de desemprego mais elevada no Brasil

A taxa de desocupação da economia brasileira no segundo trimestre de 2013 ficou em 7,4%. O percentual, que mostra o desemprego no país, ficou 0,6 ponto percentual abaixo do verificado no trimestre imediatamente anterior, que registrou taxa de desocupação de 8%.

Os números constam da PNAD Contínua (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílio Contínua), a primeira da série nacional, divulgada nesta sexta-feira (17) pelo IBGE.

Conforme o esperado por analistas, o desemprego na nova pesquisa do IBGE ficou num patamar superior à registrada pela PME (Pesquisa Mensal de Emprego), que nos seis primeiros meses do ano passado ficou abaixo de 6%.

A diferença decorre da expansão da nova pesquisa, que mensura o desemprego em nível nacional. A PME é restrita às seis maiores regiões metropolitanas do país. Já a Pnad contínua vai a 3.500 municípios. Além disso, há diferenças de conceito sobre o que é desemprego e ocupação nas duas pesquisas.

Segundo o novo levantamento, a quantidade de pessoas empregadas no segundo trimestre atingiu 90,6 milhões, montante 1,2 milhão acima do registrado nos três primeiros meses do ano passado.

A quantidade de pessoas desocupadas atingiu 7,3 milhões de abril a junho do ano passado, o que representou uma queda de 500 mil em relação ao apurado no primeiro trimestre de 2013, quando 7,8 milhões de pessoas estavam desempregadas.

COMPARAÇÃO ANUAL

A comparação anual do segundo trimestre de 2013 com período equivalente de 2012 mostrou estabilidade na maior parte dos indicadores.

A taxa de desocupação no segundo trimestre de 2012 foi de 7,5%, percentual 0,1 ponto percentual acima do verificado de abril a junho de 2013.

A população ocupada aumentou em 1 milhão de pessoas no segundo trimestre de 2013– era de 89,6 milhões no período em 2012 e atingiu 90,6 no ano seguinte.

NOVA PNAD

Embora seja mais ampla, a nova pesquisa do IBGE será feita trimestralmente. A PME é divulgada todo mês. O instituto também não conseguiu incorporar ainda os dados de rendimento do trabalho e a ocupação por setores de atividade. A previsão é que isso aconteça até o final do ano.

As pesquisas não são comparáveis por conta da mudança metodológica e de abrangência. Ou seja, em tese, perde-se a série histórica.

A PME continuará sendo pesquisada ainda ao longo de todo este ano, inclusive no que tange ao rendimento mensal. Não se sabe ainda se a Pnad nos moldes atuais será levada a campo, como sempre ocorre, no mês de setembro.

Para Cimar Azeredo Pereira, coordenador de Emprego e Rendimento do IBGE, o objetivo de unificar as duas pesquisas e realizá-las com uma amostra única foi "otimizar recursos". Antes, cada pesquisa tinha seu grupo de trabalho e uma amostra diferenciada de domicílios.

Além dos dados de mercado de trabalho, serão divulgadas informações de cunho social, tradicionais das Pnads, como migração, educação, trabalho infantil e outros -esses devem ser publicados uma vez ao ano.

No caso das informações de mercado de trabalho, o IBGE estuda ainda a possibilidade de divulgar mensalmente algumas informações para nível Brasil, como a taxa de desemprego e informações sobre formalização.

EXPERIÊNCIA INTERNACIONAL

Alguns países já adotam uma divulgação trimestral de informações de mercado de trabalho, como México, França e Espanha. Já nos EUA e Canadá, por exemplo, os dados são mensais.

"A nossa ideia foi ter uma informação melhor e mais abrangente em detrimento de termos dados todos os meses", disse Azeredo.

Desde 2006, ressalta, o IBGE trabalha para unir a Pnad e a PME e sempre teve como meta divulgar apenas dados trimestrais.

Entretanto, como mostrou a Folha, a falta de dados mensais atrapalha o cálculo mensal da inflação.


Endereço da página: