Folha de S. Paulo


Petrobras sobe mais de 2% com perspectiva de aumento da gasolina

Com a perspectiva de aumento da gasolina e do diesel já em junho, as ações preferenciais da Petrobras (as mais negociadas) subiram mais de 2% nesta quarta-feira (15) e ajudaram a Bolsa brasileira a fechar em alta.

Os papéis preferenciais da empresa encerraram o dia com ganho de 2,17%, a R$ 16,04, enquanto os ordinários (com direito a voto) avançaram 3,21%, até R$ 15,12. Com as altas, o Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira, subiu 0,81%, a 50.105 pontos. Foi a segunda alta consecutiva do índice

A Folha apurou que o governo e a Petrobras estimam para junho um novo aumento da gasolina e do diesel. O calendário, que não foi divulgado ao mercado, integra um dos pontos do mecanismo aprovado em dezembro pelo conselho de administração da empresa, presidido pelo Ministério da Fazenda.

"Qualquer anúncio de reajuste de preços tem efeito imediatamente positivo sobre a Petrobras, pois contribui para que a empresa reduza a diferença em relação aos valores do exterior", diz Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.

Atualmente, a Petrobras importa gasolina do exterior por um preço maior do que o de venda no Brasil, amargando o prejuízo com a diferença. A medida visa não prejudicar a política de controle da inflação do governo, uma vez que os combustíveis possuem impacto relevante no índice oficial de preços no país.

"A empresa, no entanto, continua sendo utilizada como instrumento político do governo, que não prioriza o lucro da estatal. Com isso, os acionistas são os mais prejudicados", completa Müller.

Para Luana Helsinger, analista do GBM (Grupo Bursatil Mercantil), um reajuste é sempre bem-vindo, mas não muda o cenário negativo para a companhia no curto prazo.

"Qualquer aumento de preços que possa ser praticado em 2014 não será suficiente para zerar a diferença com o exterior e impedir as perdas da estatal. Estamos falando de um ano eleitoral e o governo não vai abrir mão do controle da inflação nesse período", avalia.

No longo prazo porém, Luana tem boas perspectivas para a Petrobras. "Embora o segmento de refino traga prejuízo, o setor de exploração e produção da empresa está mostrando crescimento sustentável. E o ritmo deve aumentar nos próximos anos, compensando parte da perda atual da petroleira", diz. "Mas isso em, no mínimo, cinco anos", completa.

A alta das ações mais negociadas da Vale, de 1,44%, também ajudou o Ibovespa a fechar no azul. Já o Santander Brasil viu suas ações caírem mais de 11% ao longo do dia. Os papéis, no entanto, encerraram o dia em alta de 1,5%, a R$ 12,88. O banco anunciou hoje que vai emitir o equivalente a R$ 6 bilhões em notas no exterior.

Segundo a assessoria de imprensa da Bolsa, as units (conjunto de ações) do Santander pagaram rendimento hoje aos acionistas, por isso houve um ajuste nos preços dos papéis, o que justifica o fechamento em alta, apesar de ontem terem encerrado o dia valendo R$ 14,88.

AGENDA

Os investidores operaram hoje com expectativa pelo desfecho da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, nesta noite. A autoridade vai definir o rumo da taxa básica de juros brasileira, a Selic, atualmente em 10% ao ano. As apostas estão divididas entre um aumento de 0,5 ponto percentual e uma elevação de 0,25 ponto percentual.

No exterior, o Banco Mundial elevou suas projeções para o crescimento global em 2014 para 3,2%. A instituição, no entanto, voltou a cortar suas estimativas para países em desenvolvimento, como o Brasil, que devem ter crescimento médio de 5,3% neste ano, ante 5,6% previstos em junho.

Além disso, nos EUA houve a divulgação do Livro Bege do Fed (banco cental americano). O documento revelou que a economia do país segue crescendo em ritmo moderado. O índice de preços ao produtor e o resultado trimestral do Bank of America também sinalizaram a continuidade da melhora na economia americana.

CÂMBIO

No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou a quarta-feira em queda de 0,18% em relação ao real, cotado em R$ 2,348 na venda. Foi a quarta desvalorização seguida da moeda americana. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, terminou o dia estável em R$ 2,356.

"O mercado espera um aumento na Selic nesta noite, o que deixará o pagamento de alguns dos nossos títulos públicos mais atraentes, podendo atrair mais investimento externo ao país. A maior oferta de dólares reduz a pressão sobre a cotação da moeda americana", diz Guilherme Prado, especialista em câmbio da Fitta DTVM.

Pela manhã, o Banco Central do Brasil promoveu sua intervenção programada no mercado de câmbio, que ocorre diariamente através da venda de 4 mil contratos de swaps cambiais tradicionais. Hoje, esta operação movimentou US$ 197,9 milhões.


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