O jornalista americano Seth Kugel, que escreve sobre turismo para o "The New York Times" e que já morou no Brasil, descobriu em dezembro ter se tornado um imponente garoto-propaganda -em Roraima.
Ele foi avisado que uma grande foto sua, com o resto da sua família, ilustrava o painel de uma agência de empréstimos em Boa Vista.
Ele só soube disso porque uma amiga paulista, de passagem pela cidade e pela avenida Sebastião Diniz, no centro da capital, surpreendeu-se com a figura do americano e lhe enviou uma foto.
Kugel resolveu investigar como a sua foto foi parar na fachada da loja. Seu relato está em um artigo publicado na edição de ontem do "New York Times".
Os responsáveis pela filial de Boa Vista da CrediRápido -que tem sede em Manaus- disseram a ele que a escolha da foto tinha sido feita por uma firma local de propaganda.
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| Anúncio em Roraima traz foto do jornalista Seth Kugel (2º, da dir. para a esq.) e sua família |
À Folha Cristiane Souza, que gerencia a loja, confirmou a informação. Segundo ela, Kugel entrou em contato para contar que escreveria um artigo sobre o assunto e para entender o que aconteceu.
O mais provável, segundo a mãe do jornalista, que também aparece na foto e comentou o caso em seu blog, é que a imagem tenha sido encontrada no Google, a partir de uma pesquisa genérica sobre uma família de aparência feliz e bem-sucedida, e utilizada à revelia dos direitos autorais ou de pedidos de autorização de uso de imagem.
A partir do caso, o texto no jornal americano questiona a existência de uma grande margem no Brasil para que se trabalhe fora da legalidade.
Kugel escreve, por exemplo, que até grandes agências de publicidade utilizavam fotos de revistas estrangeiras nos anos 1980 na certeza de que, em tempos pré-internet, os autores jamais saberiam.
"Em um Estado em que 74% da população não é branca (e 0% da população utiliza casacos de inverno), por que nós?", escreve o jornalista.
Segundo ele, a CrediRápido perguntou se ele queria que a imagem fosse retirada. "O que, e acabar com os nossos 15 minutos de fama? Não!"