Folha de S. Paulo


Cartões de crédito e débito e seguros crescem acima de 10% em 2013

Em um ano que terminou com inflação alta e a economia crescendo em ritmo moderado, os setores de securitização imobiliária, cartões de crédito e débito e seguros tiveram resultados positivos. Os três fecharam 2013 com crescimento acima de dois dígitos.

Além deles, há outros dez ramos de atividade que cresceram mais que 10% no ano passado. Para ver o restante da lista, clique nos links.

Setores têm crescimento de dois dígitos em ano fraco para a economia
Vendas de smartphones e tablets crescem mais que 100% em 2013

SECURITIZAÇÃO IMOBILIÁRIA

O estoque de CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários) cresceu 43% em novembro de 2013 em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da Cetip, empresa responsável pelo registro desses títulos. O CRI é um título de crédito, lastreado em operações imobiliárias, e comprado por investidores.

É mais ou menos o mesmo raciocínio para quem compra um título da dívida pública: o investidor recebe um rendimento relativo aos juros pagos sobre o investimento e pode resgatar o valor total vendendo seu título. Bancos e incorporadoras vendem seus créditos à empresas de securitização, que fazem a emissão dos CRIs em ofertas públicas em Bolsa.

O crescimento desse setor surpreende em um ano de desaceleração do mercado imobiliário brasileiro. Segundo Ricardo Magalhães, gerente executivo de Relações e Projetos Estratégicos da Cetip, as emissões dos CRIs não necessariamente estão conectados com as movimentações atuais do setor.

Ou seja, esse desempenho pode refletir um crescimento passado. Para Magalhães, o grande desenvolvimento do mercado imobiliário nos últimos anos fez as empresas do ramo terem de buscar novas formas de financiamento. A securitização é uma delas.

Nelson Campos, da Isec Securitizações, afirma que este ano foi marcado por algumas operações atípicas, fora da curva, no mercado de securitização.

Itaú, Caixa e Bradesco fizeram grandes operações no segundo semestre, com emissões, por meio das securitizadoras, de R$ 4,4 bilhões, R$ 2,2 bilhões e 811 milhões, respectivamente, segundo informações da empresa de educação e informação financeira Uqbar.

Essa movimentação ocasionou um grande salto no estoque do títulos e o crescimento de dois dígitos no setor.

CARTÕES DE CRÉDITO E DÉBITO

A Abecs (Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços) espera que o faturamento do setor de cartões de crédito e débito cresça 17% em 2013, de acordo com projeção da entidade . O débito é o que mais deve crescer: 19%, ante 15,7% do crédito.

O crescimento não é novo: em 2012, foi de 18% e em 2011, 23%. Raul Moreira, da Abecs, afirma que os dados refletem uma mudança cultural, já que os cartões podem proteger o usuário de roubos. A modalidade de pagamento também tem adesão dos lojistas, segundo ele, que também preferem os cartões pela questão da segurança.

O dado também reflete a maior formalidade no mercado de trabalho e o consequente aumento da bancarização da população.

Segundo dados do Banco Central, a concessão de crédito por meio de cartão também cresceu: 13% em novembro de 2013, na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Para Roberto Luis Troster, doutor em economia pela USP e ex-economista chefe da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), os dados refletem uma mudança nos meios de pagamento e na maneira de se adquirir o crédito. "O crédito no cartão é mais fácil, e mais caro também", afirma ele.

Consequentemente, a inadimplência dessa modalidade de crédito é alta: em novembro ela ficou em 24,4%, ante 5,3% da inadimplência em crédito para aquisição de veículos e 9,1% em crédito para aquisição de outros bens, segundo o BC, considerando apenas pessoas físicas.

SEGUROS

O setor de seguros vem em uma trajetória de crescimento há pelo menos cinco anos. Em 2013, o total de prêmios diretos (o que é pago pelo segurado à seguradora, e diretamente relacionado ao faturamento) cresceu 13,5% no acumulado até outubro, em relação ao mesmo período do ano anterior.

Ao todo, foram R$ 118 bilhões, de acordo com dados da Susep (Superintendência de Seguros Privada), autarquia que regula esse mercado.

Em 2012, esse crescimento foi de 22,8% em relação ao mesmo período de 2011 (janeiro a outubro), o que indica que, apesar da taxa de dois dígitos, há uma possível desaceleração em curso.

Segundo a Susep, o setor tem sido impulsionado nos últimos anos pelo aumento da renda da população e pelo maior acesso a bens de consumo duráveis (como carros, por exemplo), o que reflete na procura por proteção à esses bens.

Só neste ano, o crescimento dos seguros de automóveis (casco) foi de 19,7%. Nos seguros contra roubos, o crescimento foi de 46%.

Foi esse o período da ascensão da chamada nova classe média, quando cerca de 40 milhões de pessoas alcançaram a classe C e, com isso, tiveram acesso a uma série de artigos de consumo.

Esse processo, no entanto, apresenta sinais de arrefecimento: a venda de veículos caiu 0,8% em janeiro a novembro deste ano, na comparação com o mesmo período, segundo dados da Anfavea, por exemplo. Essa mudança pode, no futuro, impactar o desempenho do mercado de seguros.


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