Folha de S. Paulo


Dilma afirma que desoneração da folha de pagamento será permanente

A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta quarta-feira (18) que boa parte da desoneração da folha de pagamento, até então provisória, será "permanente". Em conversa com jornalistas no Palácio do Planalto, Dilma revelou também que autorizará a construção de um terceiro aeroporto privado no Estado de São Paulo, no município de Caieiras.

Dilma disse ainda ser contra indexação de preços, classificada por ela de algo "extremamente perigoso", ao comentar pedido da Petrobras sobre reajuste automático da gasolina. Aproveitou ainda para alfinetar a proposta tucana de reestatizar a empresa de petróleo, ao dizer que "isso não é sério".

A presidente pautou grande parte da conversa, de tema livre, a assuntos econômicos. Não quis fazer previsões sobre o PIB de 2014, mas disse que o deste ano deverá ficar em 2% "ou um pouco mais". "Isso eu posso garantir", reforçou.

Dilma disse que a inflação deverá ficar abaixo da registrada no ano passado --5,84% em 2012, segundo o IBGE. Mas insistiu que não faria previsões definitivas.

Ela revelou ainda que fará sua reforma ministerial entre o final de janeiro e o início de março. "Até o Carnaval vou concluir a reforma", disse. Aproveitou para reiterar "pela vigésima vez" que o ministro Guido Mantega (Fazenda) "está perfeitamente no lugar onde está", afastando a possibilidade de troca no comando da equipe econômica.

Ela rebateu ainda as críticas de que seu governo é exageradamente otimista e intervencionista. "É absolutamente imperdoável um governo pessimista", afirmou ela.

No setor aeroportuário, a presidente revelou ainda que será criada a Infraero Serviços, para fazer uma sociedade com um grande operador de aeroportos e modernizar os que continuarão sob o controle do governo federal. No caso do terceiro aeroporto privado, em São Paulo, ela pode ficar no município de Caieiras, na região metropolitana da capital paulista.

Veja, a seguir, os principais pontos da entrevista da presidente a jornalistas do Palácio do Planalto.

CRESCIMENTO

A presidente evitou fazer projeção para o crescimento em 2014. "Não faço previsão e acho que vocês [imprensa] não deveriam fazer. Se fizerem, vão errar. Toda previsão é sujeita a tempestades", disse Dilma. Para este ano, disse que o PIB brasileiro deve ficar em torno de 2%.

Dilma disse também que 2013 vai ser melhor que 2012, ainda que tenha considerado o início do ano um dos momentos mais graves da crise internacional. Disse, porém, que o pior já passou.

INTERVENCIONISMO

Ao ser questionada a respeito das críticas de excesso de intervenção do governo na economia, Dilma disse que, diante das crises, governos são levados a fazer intervenção na economia. A presidente citou o caso norte-americano, cujo banco central injeta mensalmente US$ 85 bilhões para comprar títulos públicos.

MANTEGA FICA

Dilma descartou mudanças no Ministério da Fazenda. "Pela vigésima vez ou trigésima vez, reitero que ele [Guido Mantega] está perfeitamente no lugar onde está."

OTIMISMO

Questionada se não houve otimismo exagerado do governo, a presidente declarou que acha "absolutamente imperdoável um governo pessimista" --a não ser que haja uma guerra. Ela disse, contudo, que se assemelha nesse caso ao primeiro-ministro Winston Churchill, que governou a Grã-Bretanha na época da Segunda
Guerra Mundial. Disse que trabalha oferecendo "sangue, suor e lágrimas", conforme o líder britânico.

Dilma afirmou também que, no início do governo, o Planalto cunhava projeções otimistas porque, segundo ela, ninguém esperava naquela época que a crise piorasse.

IMPRENSA

Ao defender o que chamou de "maior leilão do século", Dilma criticou o tratamento da imprensa sobre a concorrência no Campo de Libra --arrematado por R$ 15 bilhões em outubro passado com apenas um consórcio interessado.

"Existe uma extrema vontade de distorcer os fatos, de se autoenganar sobre o que é esse leilão", rebateu. "Quem não entende do riscado se equivoca ao comentar."

REFORMA MINISTERIAL E O CONGRESSO

Sem entrar em detalhes, a presidente anunciou que será feita do final de janeiro até o Carnaval a reforma em sua equipe de ministros. Disse, em tom de brincadeira, que não citaria nomes dos substitutos nem dos substituídos, senão a reforma já estaria feita antes de começar.

Dilma também destacou como ponto alto no ano sua aproximação com o Congresso. Ela disse que tensionamentos com o Legislativo são normais, mas reconheceu que, em alguns casos, os parlamentares ofereceram grandes contribuições, como no caso de vincular 50% das emendas impositivas (recursos que o Executivo terá de liberar obrigatoriamente para deputados e senadores) para a saúde.

DESONERAÇÕES E CONCESSÕES

Ela afirmou ainda que as desonerações da folha de pagamento devem ser definitivas, mas lembrou que o governo vai rever o desconto do IPI para linha branca e para automóveis. A presidente disse ainda que não vai ampliar desonerações nem pretende aumentar gastos de qualquer tipo para o ano que vem.

Sobre concessões, Dilma disse que o terceiro aeroporto de São Paulo, que será construído em Caieiras, na região metropolitana de São Paulo, vai ser privado.

Ela revelou ainda que será criada a Infraero Serviços, para fazer uma sociedade com um grande operador de aeroportos e modernizar os que continuarão sob o controle do governo federal. Aeroportos regionais, segundo Dilma, deverão ser mantidos sob a custódia da União, por não terem rentabilidade para serem cedidos à iniciativa privada.


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