Folha de S. Paulo


Eólicas preveem 'uma Belo Monte' até 2017

Os investidores do setor de energia eólica encerram o ano com contratação recorde em leilões do governo e projeção de aplicar R$ 27 bilhões no Brasil até 2017.

O valor se aproxima do orçamento da usina de Belo Monte, que deverá ser a terceira maior hidrelétrica do mundo, erguida ao custo de R$ 30 bilhões no Pará.

No caso das eólicas, a maior parte dos investimentos está no Nordeste, com quase 80% das usinas e da potência total da "energia dos ventos".

É também nessa região que investidores ainda esperam por linhas de transmissão que a estatal Chesf (Companhia Hidroelétrica do São Francisco) deveria ter entregue há mais de um ano.

O atraso mantém 48 parques eólicos parados no país, que representam 37% da potência instalada no Brasil. O número dobrou desde o início do ano. Em operação, esses parques poderiam iluminar 2 milhões de casas, diz a ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica).

O problema, contudo, "está ficando no passado", diz Élbia Melo, presidente da associação. Ela estima que grande parte desses empreendimentos entre em operação até março de 2014.
A confiança é movida pela mudança nas regras dos leilões que passou a exigir garantia de conexão dos parques às redes de transmissão.

Segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), a exigência se deu "em grande medida" em razão dos atrasos da Chesf. Procurada, a Chesf não respondeu até a conclusão desta edição.

"O governo percebeu que o modelo de planejamento de transmissão estava equivocado e o refez. Antes, se fazia o leilão de geração e depois o da linha de transmissão. Isso começou a atrasar os parques", diz Melo.

Pela nova regra, o parque eólico deve ter uma linha de transmissão prevista já no leilão, e o prazo de implantação deve coincidir com a entrada do parque em operação.

No Rio Grande do Norte, por exemplo, o governo pediu ao Ministério de Minas e Energia que realize no primeiro trimestre de 2014 um leilão de novas linhas para atender aos parques do Estado.

O Estado é o maior polo de atração de investimentos em energia eólica no país, seguido pela Bahia.

No último leilão, na semana passada, foram contratados 2,3 GW de energia eólica, elevando para 4,7 GW o volume negociado em 2013 -um recorde do setor. Até então, o maior patamar alcançado havia sido 2,9 GW, em 2011.

"Isso confirma a força da fonte eólica e do Nordeste como novo 'powerhouse' [casa de energia] para o país", diz o presidente do sindicato potiguar das empresas de energia, Jean-Paul Prates.

O Ministério de Minas e Energia confirmou dois novos leilões para o primeiro semestre de 2014. Segundo Élbia Melo, da ABEEólica, energia para vender e interesse dos investidores não deverão faltar. "O setor está crescendo e tem o sinal de investimento adequado", diz.

editoria de Arte / Folhapress

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