Folha de S. Paulo


PIB do agronegócio chegará a R$ 1 trilhão em 2013, diz CNA

A CNA (Confederação Nacional da Agricultura) divulgou balanço nesta quarta-feira (11) apontando que o agronegócio no país representará um PIB equivalente a R$ 1 trilhão este ano.

"É um setor sadio da economia que não se contamina com nada, nem com o pessimismo de outros setores", afirmou a presidente da CNA, Katia Abreu, senadora pelo PMDB-TO.

O balanço do ano aponta que em 2013 o crescimento do PIB do setor foi de 3,6% em relação ao valor do ano passado. O crescimento se deu mesmo com uma queda de 10% na média dos preços internacionais das commodities agrícolas e fará com que a participação do agronegócio do PIB no país chegue a 22,8% contra 22,5% em 2012.

As exportações do agronegócio vão alcançar neste ano R$ 100 bilhões, impulsionadas pela venda da soja que chegará a R$ 31,5 bilhões no ano (+20% em relação a 2012). Os R$ 83 bilhões de diferença entre o que o Brasil exportará e os R$ 17 bilhões que importará de produtos agrícolas ajudam o país a reduzir o deficit na balança comercial.

"A soja já representa 14% das nossas exportações, passando pela primeira vez o minério de ferro", afirmou Abreu.

De acordo com o levantamento, as perspectivas são boas para o agronegócio no próximo ano com perspectiva de aumento de 2,5% no faturamento bruto do setor agrícola.

A recuperação da economia mundial deverá impulsionar as vendas externas. O novo acordo da OMC (Organização Mundial do Comércio) também aponta para uma melhoria no setor.

A China --que compra metade da soja brasileira e já é o maior cliente agropecuário do país--continuará sendo uma grande compradora de commodities agrícolas pela criação de estímulos do governo chinês ao consumo e a incorporação de milhões de famílias ao meio urbano.

Não deve haver, contudo, grande ganho financeiro para os produtores em relação a este ano, já que os preços internacionais continuam caindo para boa parte das culturas.

'STARBUCKS BRASILEIRA'

Kátia Abreu afirmou que estão sendo levados para a China na próxima semana empresários para montar churrascarias naquele país, o que pode ajudar a elevaras exportações de carne. O grande desafio do ano para o setor, diz, será montar um grupo empresarial para criar a "Starbucks" brasileira, uma rede de cafeteria internacional. Segundo ela, a tendência é que os preços do café continuem mundialmente depreciados até 2015 e, por isso, é necessário incentivar o crescimento do consumo.

LOGÍSTICA COMPLICADA

O calcanhar para o agronegócio continuará sendo a logística. O levantamento da CNA aponta que os custos logísticos do agronegócio deverão alcançar 9% do PIB do setor. Neste ano, o preço do frete para levar a soja do Mato Grosso aos portos do Sul e Sudeste chegou a aumentar 42%.

Conforme a Folha mostrou hoje, obras para evitar filas de caminhões no Porto de Santos não deverão estar concluídas e o governo tentará reduzir os problemas com engarrafamentos ocorridos no ano passado controlando a chegada dos caminhões.

Segundo a presidente da CNA, mesmo com as previsões de investimentos feitos pelo governo e a nova lei de portos que abriu a possibilidade de terminais privados, ainda não será dessa vez que esse valor vai diminuir.

"Ainda teremos problemas ano que vem. Em um ano não se resolve problemas de décadas", afirmou Abreu.

Ela lembrou que a importância do agronegócio cresceu no país, o que fez com que a situação seja invertida em relação à participação política. Antes, segundo ela, eram os representantes do agronegócio quem procuravam os candidatos a presidente. Agora, ocorre o oposto.

"Hoje os candidatos é que estão loucos correndo atrás de nós. O agronegócio estará no debate [eleitoral de 2014]", disse a presidente.

A senadora afirmou que, para 2014, o agronegócio vai ter grande dificuldade com a questão indígena.

Segundo ela, depois de enfrentar problemas com o MST (Movimento dos Sem Terra) "que nos amolou muito" e com a questão ambiental, agora seriam os índios que estariam, de acordo com ela, entrando em áreas agrícolas que estão produzindo há décadas.

O setor vai insistir numa regulamentação da demarcação de terras.

"Não vamos desistir da publicação da portaria que normatiza a demarcação de novas áreas", afirmou Abreu.


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