Folha de S. Paulo


Análise: É preciso planejar agora as despesas do próximo ano

Organizar as finanças e realizar um planejamento que promova a independência financeira são medidas que todos os anos adiamos para o ano seguinte.

Protelamos essas ações não porque sejam complicadas, mas por exigirem a mesma disciplina para colocar uma atividade física na rotina diária, ou ao aprender um instrumento musical.

Assim como na prática de exercícios e no aprendizado de um instrumento, quanto antes se começa, melhores os resultados no futuro. Portanto, não se deve esperar o próximo ano para iniciar o planejamento financeiro.

Na maioria das vezes, a dificuldade de começar a organização financeira está no ponto de partida. Da mesma forma que, quando se começa a prática de algum exercício físico, não se inicia correndo uma maratona, na organização das finanças deve-se começar por pequenas ações.

ATITUDES

Recomendam-se aqui algumas atitudes que o investidor pode adotar antes da virada do ano. A primeira é tentar estrear o ano sem dívidas -ou reduzindo-as ao máximo. É possível aproveitar o 13º salário e saldar parte ou a totalidade das dívidas.

Além disso, evitar comprar os presentes de final de ano para a família no cartão de crédito ou em parcelas. Compre os presentes à vista, pois assim não se transfere uma dívida para o próximo ano.

Lembre-se de que o início do ano é um dos períodos que mais nos demandam financeiramente. É no início do ano que pagamos o licenciamento do carro e o IPVA (imposto do automóvel), o IPTU (imposto do imóvel), a matrícula da escola, o material escolar, dentre outras despesas.

Se o indivíduo se permite terminar o ano com dívida, a situação pode se tornar insustentável já no primeiro trimestre do ano seguinte. Revise suas despesas fixas e analise a possibilidade de cortar, substituir ou reduzi-las. Análise e corte de custos devem ser periódicos, pois frequentemente agregamos despesas à nossa rotina.

Não se trata de suspender algumas merecidas regalias, mas de avaliar se realmente certa despesas estão trazendo seu devido benefício. Por exemplo, se os 150 canais de TV a cabo ou a conta elevada de celular valem a pena.

Planeje sua aposentadoria e as despesas elevadas, como a compra de carro, casa, ou viagem, separando uma parcela do salário para cada. Se o investidor não tem disciplina para poupar, ele deve automatizar essa poupança, transformando-a em uma poupança forçada.

Duas formas de criar um investimento forçado são a contratação de um plano de previdência do tipo VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) ou cadastrar a compra programada de títulos no Tesouro Direto. Com essas atitudes, o indivíduo pode começar o ano sem precisar de simpatias, pois seu futuro financeiro estará mais assegurado.

MICHAEL VIRIATO é coordenador do Laboratório de Finanças do Insper, instituto de ensino e pesquisa.


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