Folha de S. Paulo


Primeiro alvo dos bancos é pagamentos a serviços domésticos

A estratégia dos bancos para reduzir os saques de dinheiro nos caixas eletrônicos do país passa, em parte, por uma parcela da população que não tem conta em nenhuma instituição financeira.

Nas estimativas do setor, são cerca de 55 milhões de pessoas em idade adulta que movimentam algo em torno de R$ 65 bilhões e têm estreita relação com a população com conta em banco. Para chegar a esse novo público, o caminho foi usar a própria base de clientes de cada instituição.

Brasileiro é um dos que mais sacam dinheiro vivo

Três dos maiores bancos de varejo do país --Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Bradesco-- dizem que essa é a forma mais rápida de atingir três objetivos de uma única vez: incluir quem hoje não tem conta em banco, popularizar as novas formas de pagamentos (como o pagamento via celular, cartão pré-pago ou moedeiro virtual) e reduzir os saques.

SERVIÇOS DOMÉSTICOS

Segundo Raul Moreira, diretor da área de cartões do BB, a instituição identificou 2,6 milhões de clientes que faziam saques frequentes em caixas eletrônicos. Uma pesquisa descobriu que o principal motivo era realizar pagamentos a prestadores de serviços domésticos, como diaristas, jardineiro e babá. "Quem aumenta os saques não é a baixa renda. É a população que ganha mais", argumenta Moreira.

Agora, o BB está tentando convencer essas pessoas a realizar esses pagamentos usando o celular. A ideia é o que o cliente, por meio da sua conta-corrente, faça o registro de uma conta de pagamento em nome de quem vai receber o dinheiro, vinculada a uma linha de celular.

Na primeira operação, a pessoa receberá uma mensagem de texto com uma senha e terá que se cadastrar num caixa eletrônico para sacar o dinheiro. A partir daí, argumenta-se que tanto as novas transferências quanto o uso da quantia depositada poderão ser pelo canal eletrônico.

PREÇO

Para que isso funcione, porém, os bancos precisam fazer com que os telefones celulares se comuniquem com as máquinas disponíveis no comércio. E isso a um custo atrativo para o cliente, avalia Mário Neto, diretor de cartões da Caixa.

"Num primeiro momento, os cartões pré-pagos devem se popularizar mais rapidamente, porque o sistema que existe hoje já está pronto para aceitá-los", diz Moreira. Ele refere-se aos cartões em que a pessoa poderá depositar uma determinada quantia de dinheiro para ser usada ao longo do mês, ou mesmo receber seus pagamentos.

Marcos Bader, executivo do Bradesco, diz que o banco criou uma espécie de bonificação. O valor referente às tarifas será convertido em crédito para o dono da linha de celular. O benefício, porém, será restrito à operadora de telefonia parceira.

De olho na expansão desse mercado, Adriana Barbosa, responsável da Payleven Brasil, tem como foco comerciantes, profissionais liberais, microempreendedores ou informais que querem aceitar cartões ou celulares como meio de pagamento.


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