Folha de S. Paulo


Presidente da OSX é demitido

O presidente da OSX, Marcelo Gomes, foi demitido nesta sexta-feira (8), segundo apurou a Folha. A empresa naval, de Eike Batista, prepara-se para entrar em recuperação judicial, seguindo o caminho de sua principal cliente, a petroleira OGX.

A demissão de Gomes foi confirmada em fato relevante no final da tarde de sexta. O executivo Ivo Dworschak Filho, diretor de construção naval da empresa, acumulará a função.

A OSX anunciou ainda que aprovou "em caráter de urgência" o ajuizamento de sua recuperação judicial.

O pedido, que era esperado para quinta-feira (7), vem sendo adiado e agora deve acontecer na segunda-feira.

Com a demissão, a consultoria Alvarez & Marsal, que assumiu a reestruturação da OSX em meados deste ano, deixará a empresa. Gomes ocupava o cargo de presidente da companhia desde agosto.

A Angra Partners, de Ricardo K, assumirá o processo, como já ocorre na OGX.

A petroleira seguiu roteiro similar. Eike decidiu afastar o presidente Luiz Carneiro em outubro e deixou nas mãos da Angra Partners as negociações com os credores da companhia.

A OGX entrou com seu pedido de recuperação judicial na semana passada com dívidas de R$ 11,2 bilhões.

REAÇÃO EM CADEIA

A OSX ficou em situação delicada diante da derrocada da petroleira de Eike. A empresa foi criada justamente para suporte à campanha exploratória da OGX.

Com o fracasso de seus planos, sete das nove encomendas de plataformas feitas pela OGX para a OSX foram canceladas - e a empresa já avisou que deve desistir de mais uma.

Diante disso, a recuperação judicial da companhia tornou-se quase inevitável. A decisão, contudo, só foi selada na última terça-feira após o comando da companhia finalizar uma complexa negociação com os bancos credores, que permitiu a rolagem de dívidas de curto prazo de R$ 1 bilhão.

Os financiamentos, concedidos por Caixa e BNDES, têm os bancos Votorantim e Santander como garantidores. Ficou acertado que essa dívida só será paga agora em outubro do ano que vem.

A Caixa firmou novo contrato, prorrogando o pagamento dos R$ 461 milhões devidos pela empresa. Já o BNDES, cujo empréstimo vence no próximo dia 15, ainda analisa se irá exercer as garantias e reaver os cerca de R$ 550 milhões que concedeu à OSX.

O acordo prevê, contudo, que, caso isto aconteça, o Votorantim pagará o banco estatal, assumindo o crédito com a empresa, mas só o cobrará da OSX no ano que vem.

O plano prevê ainda que Santander e Votorantim, além de assegurarem a carência no pagamento dos financiamentos, aportem R$ 20 milhões na companhia após a recuperação judicial.

Eike Batista, que detém 66,7% da OSX, também prometeu injetar outros R$ 100 milhões.

O dinheiro é necessário para que a OSX sobreviva ao processo de recuperação. Mesmo com o pedido aceito pelo juiz, ela não pode quebrar enquanto prepara seu plano de reestruturação.

Procurada, a OSX ainda não respondeu ao pedido da reportagem.


Endereço da página: