Folha de S. Paulo


Brasil busca liberação da carne bovina para o mercado chinês

O vice-presidente, Michel Temer, chegou ontem à Macau para uma série de reuniões de alto nível com o governo chinês. A visitia incluirá um encontro em Pequim com o presidente do país asiático, Xi Jinping, na quinta-feira (7).

Entre as expectativas da comitiva liderada por Temer estão a liberação da exportação da carne bovina para o mercado chinês, fechado para o produto brasileiro desde o ano passado devido a um caso do mal da vaca louca.

Temer adiantou os principais pleitos brasileiros ao reunir-se rapidamente ontem com o vice-primeiro-ministro chinês Wang Yang.

Hoje os dois participam da abertura da Conferência Ministerial do Fórum de Macau, que reúne China e países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

A discussão dos principais temas bilaterais ficará para amanhã, quando ocorrerá em Cantão a 4ª reunião da Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível (Cosban).

Temer tentará convencer os chineses a reabrir o seu mercado para a carne bovina brasileira, alegando que o Brasil exporta o produto para 150 países e que, dos 10 países que o barraram por causa da vaca louca, quatro já levantaram o embargo.

Na reta final da negociação, porém, diplomatas brasileiros não demonstravam muito otimismo de que a China atenderá o apelo.

Uma das propostas de Temer será um cronograma anual de inspeção sanitária. O Brasil espera ainda concluir um protocolo para exportar milho para a China.

A delegação liderada por Temer também buscará apressar a concessão de licenças para duas empresas brasileiras na China.

A Votorantim depende do sinal verde para operar as cinco fábricas na China da cementeira portuguesa Cimpor, cujos ativos adquiriu no ano passado. A fabricante de ônibus Marcopolo espera desde 2010 a permissão de Pequim para instalar uma planta para a produção voltada para o mercado local.

Enquanto tenta vencer a resistência da China a empresas brasileiras, a comitiva chefiada por Temer irá reiterar o desejo do Brasil de atrair investimentos chineses em projetos de infraestrutura no país.

Após a entrada de duas estatais chinesas no consórcio liderado pela Petrobras para explorar o pré-sal no campo de Libra, o Brasil também quer atrair o país para o leilão de concessão dos aeroportos de Confins, em Belo Horizonte, e do Galeão, no Rio de Janeiro, marcado para o dia 22 de novembro.

Quanto às esperadas queixas da China de que o Brasil exagera nas sobretaxas a seus produtos alegando práticas desleais, Temer argumentará que o Brasil age sob as regras da Organização Mundial do Comércio.

O vice-presidente proporá inspeções em empresas chinesas para esclarecer controvérsias e aumentar a cooperação comercial.

No lado mais político das conversas, o Brasil usará os casos de espionagem praticada pelos EUA para propor ao governo chinês um mecanismo de coordenação para a defesa cibernética.

A comitiva de Temer inclui os ministros da Agricultura, de Ciência e Tecnologia e da Aviação Civil.


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