Folha de S. Paulo


Credor de Eike pode ter de receber menos

Com a recuperação judicial da OGX em curso, os credores passarão a lidar com duas alternativas: a conversão da dívida em ações da petroleira ou o corte significativo no valor que têm a receber.

Com dívida de R$ 11 bi, OGX, de Eike, entrará com pedido de recuperação

Os pagamentos em dinheiro, contudo, deverão ser parcelados. Isso porque o plano de reestruturação terá de respeitar o fluxo de caixa da empresa. Ou seja, a OGX só começará a pagar quando voltar a ganhar dinheiro com a produção de petróleo.

Editoria de Arte/Folhapress

O comando da companhia acredita que o início da produção do campo de Tubarão Martelo, na bacia de Campos, previsto para o próximo mês, dará sustentação ao plano, segundo apurou a Folha.

Enquanto isso não acontece, a OGX corre para levantar capital e seguir operando.

Segundo estimativas da própria companhia divulgadas ontem, a petroleira terá na última semana do ano caixa negativo de US$ 43 milhões caso não consiga um novo aporte.

A empresa trabalha em duas frentes de negociação com o objetivo de levantar entre US$ 100 milhões e US$ 120 milhões.

A primeira é a venda da fatia da petroleira na OGX Maranhão para a Eneva (antiga MPX), sua sócia no projeto. Segundo apurou a Folha, as negociações seguem e, mesmo que um acordo não saia até a recuperação judicial, prevista para hoje, há brechas legais para que o negócio seja fechado durante o processo.

A outra frente é com bancos estrangeiros em busca do "DIP financing", um crédito especial concedido a empresas em recuperação judicial. Executivos da petroleira reuniram-se ontem em Nova York com três potenciais investidores, mas um acordo ainda não foi finalizado.

PROPOSTA

A solução final para as dívidas bilionárias da petroleira dependerá de um processo intenso de negociações. Além de retomar conversas com os credores estrangeiros, a OGX terá de iniciar tratativas também com a OSX (empresa naval de Eike Batista), que cobra valores referentes à rescisão de contratos para plataformas.

A OSX, que também está numa situação financeira delicada, acredita que tenha a receber US$ 2,6 bilhões. A OGX estima que essa dívida não supera US$ 900 milhões.

Há ainda os fornecedores, que incluem grandes multinacionais do setor de petróleo e gás, como Schlumberger, Diamond e Chouest.

CONSENSO

A empresa não pode chegar ao final do processo sem uma solução consensual com a maioria dos credores sob o risco de ter sua falência decretada.

Caso a proposta passe pela conversão das dívidas em ações, a empresa deve usar como ponto de partida os cenários apresentados na renegociação com os credores estrangeiros, que terminou sem acordo na semana passada.

A OGX previa que os acionistas minoritários seriam diluídos, ficando com 5% da companhia (hoje possuem quase 50%). Os credores estrangeiros teriam de 42% a 57%. A OSX ficaria com fatia entre 14% e 30%, e os fornecedores, de 6% a 9%.

Eike, por ser controlador da OSX, acabaria dono de 9% a 20% da companhia.


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