Folha de S. Paulo


Leilão de exploração do pré-sal 'precisa ser aperfeiçoado', afirma Eduardo Campos

Provável candidato à Presidência da República, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), esperou o fim do leilão do campo de Libra para criticá-lo.

Questionado na manhã de segunda-feira (21) sobre sua opinião a respeito do leilão de exploração do pré-sal, Campos se esquivou de comentar.

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Um dia depois, nesta terça-feira (22), disse em nota e em uma publicação em seu perfil no Facebook que o modelo "precisa ser aperfeiçoado" para que haja participação de mais grupos.

"Acho que todos brasileiros e brasileiras viram com muita decepção, ontem, uma área gigante do pré-sal, o campo de Libra, ser leiloada pelo preço mínimo e sob um processo pouco debatido com a sociedade", afirmou o presidenciável na rede social.

O governador pernambucano colocou em dúvida a destinação dos recursos do pré-sal, que deveriam ir para saúde e educação: "A gente percebe que o dinheiro vai terminar compondo a questão fiscal dura que o país atravessa, apenas amenizando a falta de caixa do governo. E isso nos preocupa".

EDUCAÇÃO

O pessebista afirmou concordar com a importância dos recursos do pré-sal para a saúde e a educação, mas que essas áreas não podem esperar por esse reforço "no longo prazo".

"O governo diz que no longo prazo esse dinheiro vai ajudar muito na saúde e na educação. Mas a saúde e a educação precisam de medidas imediatas", disse. "Não podemos sacrificar os jovens de hoje, à espera de que o dinheiro do petróleo vá resolver a vida dos jovens do futuro", afirmou Campos.

Somente um consórcio participou ontem do processo e o campo de Libra foi arrematado pelo preço mínimo: bônus de R$ 15 bilhões e devolução do equivalente a 41,65% do petróleo a ser produzido no local.

"Sem disputa, as empresas vão sempre oferecer o preço mínimo, o que não é bom para o Brasil. O petróleo do pré-sal não pode ser vendido a preços aviltados pela falta de concorrência", afirmou Campos em nota nesta terça-feira.

Em rede social, Campos também cobrou a apresentação dos planos de exploração e de negócios da reserva de Libra "para que a gente possa saber quando é que vai ser feita essa exploração e em que condições será feita a questão ambiental".

"A gente precisa ter segurança que a tecnologia a ser utilizada garantirá que o Brasil, além dos prejuízos claros que teve no processo de venda, também não seja vítima de um desastre ambiental de proporções imprevisíveis", afirmou, em postagem.

Campos está no Piauí para receber título de cidadão do Estado em cerimônia na Assembleia Legislativa.

'FERRAMENTA ELEITORAL'

Outro possível candidato à Presidência, o senador Aécio Neves (PSDB-MG), também fez suas considerações a respeito do leilão.

Entre outras críticas, declarou que "o atraso na realização do leilão e as contradições do governo vêm minando a confiança de muitos investidores e, no caso da Petrobras, geraram uma perda imperdoável e irrecuperável para um patrimônio construído por gerações de brasileiros", disse.

Criticou, ainda, a decisão da presidente Dilma Rousseff de se pronunciar em cadeira nacional para comentar o leilão de Libra.

Segundo o senador, a "presidente Dilma Rousseff contraria a legislação em vigor e apropria-se, indevidamente" da rede, para fins eleitorais. Ontem, a presidente afirmou em pronunciamento que o leilão não era uma privatização do petróleo brasileiro, mas uma grande conquista para o país.

MARINA

A também presidenciável Marina Silva (PSB) afirmou ontem, durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, que vê com preocupação a entrada de empresas chinesas no consórcio. "Vi com certa preocupação o fato de que a China participa do leilão e no caso não é uma empresa, no caso do governo chinês, é o Estado. Não existe empresa privada chinesa quando eles partem para esse tipo de investimento", disse.

A presidente Dilma Rousseff afirmou que há um preconceito contra empresas chinesas.

Marina também questionou o fato de apenas um consórcio estar inscrito no leilão. Segundo ela, há dúvidas se de fato houve um leilão. Marina também questionou a destinação dos R$ 15 bilhões, pagos em bônus pelas empresas. "Esse recurso vai para onde? Esses R$ 15 bi já vão para a educação, me parece que não? Vai para fazer o superavit primário do governo que está aí com dificuldades de fechar as contas em 2013?", afirmou.

Ela disse que é favorável a entrada de capital privada nesse tipo de empreendimento e que, apesar da participação chinesa que criará "uma relação de governo com governo", a "quantidade" foi bastante equilibrada."

Tendo a questão ambiental como uma de suas principais bandeiras, Marina afirmou que o petróleo é "um mal necessário".


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