Folha de S. Paulo


Aécio Neves afirma que pronunciamento de Dilma foi "ferramenta eleitoral"

O senador Aécio Neves (PSDB-MG), que ensaia concorrer à presidência em 2014, criticou nesta terça-feira (22) o pronunciamento de Dilma Rousseff em cadeia nacional para comentar o leilão de Libra que ocorreu ontem.

Resultado do leilão de Libra permitirá 'salto extraordinário' na educação, diz ministro

Segundo o senador, a "presidente Dilma Rousseff contraria a legislação em vigor e apropria-se, indevidamente" da rede, para fins eleitorais. Ontem, a presidente afirmou em pronunciamento que o leilão não era uma privatização do petróleo brasileiro, mas uma grande conquista para o país.

Segundo Aécio, a presidente deveria ter falado da "imensa desvalorização" da empresa sob a administração petista --segundo dados da Economatica, o valor de mercado da empresa cresceu 336% desde 2003.

Ontem, ele já havia feito críticas ao governo, quando declarou que o leilão trouxe o reconhecimento do governo, "ainda que tardio e envergonhado, da importância do investimento privado para o desenvolvimento do país".

"O atraso na realização do leilão e as contradições do governo vêm minando a confiança de muitos investidores e, no caso da Petrobras, geraram uma perda imperdoável e irrecuperável para um patrimônio construído por gerações de brasileiros", disse.

Já o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) afirmou que o interesse do governo é somente a produção superavit primário. Já o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), afirmou que "o governo está de olho no bônus que aferirá com a privatização desse patrimônio denominado Libra."

Crítico do governo, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) disse que a gestão Dilma é "neoliberal", e não progressista, como alardeado na campanha da presidente.

Em contrapartida, o ministro Aloizio Mercadante (Educação) disse hoje que o "êxito" do leilão de Libra permitirá que o país "dê um salto extraordinário nos investimentos feitos em educação".

EDUARDO CAMPOS

Já o também presidenciável Eduardo Campos, governador de Pernambuco, disse em nota e em uma publicação em seu perfil no Facebook que o modelo "precisa ser aperfeiçoado" para que haja participação de mais grupos.

"Acho que todos brasileiros e brasileiras viram com muita decepção, ontem, uma área gigante do pré-sal, o campo de Libra, ser leiloada pelo preço mínimo e sob um processo pouco debatido com a sociedade", afirmou o presidenciável na rede social.

O governador pernambucano colocou em dúvida a destinação dos recursos do pré-sal, que deveriam ir para saúde e educação: "A gente percebe que o dinheiro vai terminar compondo a questão fiscal dura que o país atravessa, apenas amenizando a falta de caixa do governo. E isso nos preocupa".

MARINA

A também presidenciável Marina Silva (PSB) afirmou ontem, durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, que vê com preocupação a entrada de empresas chinesas no consórcio. "Vi com certa preocupação o fato de que a China participa do leilão e no caso não é uma empresa, no caso do governo chinês, é o Estado. Não existe empresa privada chinesa quando eles partem para esse tipo de investimento", disse.

A presidente Dilma Rousseff afirmou que há um preconceito contra empresas chinesas.

Marina também questionou o fato de apenas um consórcio estar inscrito no leilão. Segundo ela, há dúvidas se de fato houve um leilão. Marina também questionou a destinação dos R$ 15 bilhões, pagos em bônus pelas empresas. "Esse recurso vai para onde? Esses R$ 15 bi já vão para a educação, me parece que não? Vai para fazer o superavit primário do governo que está aí com dificuldades de fechar as contas em 2013?", afirmou.

Ela disse que é favorável a entrada de capital privada nesse tipo de empreendimento e que, apesar da participação chinesa que criará "uma relação de governo com governo", a "quantidade" foi bastante equilibrada.

Tendo a questão ambiental como uma de suas principais bandeiras, Marina afirmou que o petróleo é "um mal necessário".


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