Folha de S. Paulo


Bolsa dispara 2% e dólar cai diante do otimismo com dívida dos EUA

Sinais de avanço nas negociações entre democratas e republicanos para que seja elevado o teto da dívida do governo dos Estados Unidos, evitando que a maior economia do mundo dê calote em seus credores, animam os investidores nesta quarta-feira (16).

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, disparava 2,23% às 12h11 (horário de Brasília), aos 56.209 pontos. O indicador acompanhava o bom humor visto nos mercados americanos, com o índice Dow Jones subindo 1,33% no mesmo horário, enquanto o S&P 500 avançava 1,21% e o Nasdaq ganhava 1,20%.

Ao vivo: mercados estão otimistas com aposta em solução para a dívida dos EUA
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O clima mais ameno entre os investidores também reduz a demanda por aplicações consideradas mais seguras, como o dólar, que cai neste início de tarde.

Às 12h12, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, tinha baixa de 0,83% em relação ao real, cotado em R$ 2,163 na venda. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, cedia 0,73% no mesmo horário, a R$ 2,164.

Um assessor democrata do Senado americano disse à Reuters no final da manhã que as negociações sobre a lei que aumenta o teto da dívida dos EUA e permite a volta ao funcionamento das agências do governo daquele país estão perto de uma conclusão, e um acordo deve ser anunciado em breve.

O assessor, que pediu para não ser identificado, acrescentou que há "indicações" de que assim que um acordo for anunciado, o Senado poderá se articular para aprová-lo rapidamente.

Amanhã é a data limite para que um acordo seja firmado, pois seria quando os EUA gastariam os últimos recursos disponíveis para honrar sua dívida. Também seguem as conversas para definir o orçamento dos EUA para o ano fiscal que começou em outubro.

Até que isso ocorra, permanece a paralisação do governo dos EUA, que já está em sua terceira semana. Nesse período, parques, museus e outros espaços públicos continuam fechados, além de milhares de funcionários estarem impedidos de trabalhar, numa medida radical para cortar imediatamente os gastos do governo americano.

Especialistas consultados pela Folha dizem que, apesar de o impasse nos EUA exigir cautela, a chance de que republicanos e democratas não cheguem a um consenso é pequena.

"Os Estados Unidos não devem deixar que ocorra o calote. Estamos falando de muito dinheiro que deixaria de ser pago aos credores, sendo a economia chinesa o principal deles. Imagina o efeito em cadeia: EUA dão calote na China, que dá calote em nos países com os quais mantém relações comerciais, ou seja, o Brasil e o mundo. Um estrago sem precedentes. Isso não irá acontecer", diz Julio Hegedus, economista-chefe da consultoria Lopes Filho.

"Eu já imaginava que eles [democratas e republicanos dos EUA] tomariam todo esse tempo para ver se uma das partes cederia em suas imposições. É natural que, com a pressão do prazo, algum lado tenha que abrir mão de algo para que seja possível um consenso", avalia Elad Revi, analista-chefe da Spinelli Corretora.

OGX DISPARA

Contribuindo para a disparada da Bolsa brasileira, as ações da OGX, petroleira de Eike Batista, lideravam os ganhos do Ibovespa às 12h13, com alta de 50%, a R$ 0,51.

O movimento reflete a notícia de que Eike demitiu o presidente da OGX, Luiz Carneiro, a pedido de um investidor disposto a colocar dinheiro na empresa, que fez questão da troca dos executivos, segundo a Folha apurou.

O dia também é marcado pelo vencimento de opções de Ibovespa e contratos de futuro, o que estimula um volume financeiro maior na Bolsa brasileira. Às 12h15, o giro financeiro era de R$ 2,329 bilhões.

CÂMBIO

No câmbio, além do cenário americano, também contribui para a queda do dólar hoje o fato de o Banco Central ter realizado pela manhã um leilão de swap cambial tradicional, que equivale à venda de dólares no mercado futuro.

A autoridade vendeu, ao todo, 10 mil contratos com vencimento em 5 de março de 2014, por US$ 497,7 milhões. A operação estava prevista pelo plano da autoridade para conter a escalada do dólar.


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