Folha de S. Paulo


Eike Batista demite presidente da petroleira OGX

O empresário Eike Batista demitiu o presidente da OGX, Luiz Carneiro. A decisão pode ser anunciada ainda nesta terça-feira (15). O executivo Ricardo Knoepfelmacher, da Angra Partners, assumirá o posto.

A saída do executivo ocorre enquanto o mercado aguarda o pedido de recuperação judicial da petroleira e em meio à complicada negociação com os detentores dos títulos da dívida da empresa.

Ricardo K, como é conhecido, deixa o papel de assessor de Eike na reestruturação do grupo EBX para assumir o comando da petroleira. Ele havia substituído o BTG Pactual, de André Esteves.

Carneiro soube da decisão em Nova York, onde estava participando de uma série de reuniões da equipe de Eike com os bancos e os detentores dos títulos. Procurado, ele não deu entrevista.

Também foram demitidos o diretor jurídico, José Roberto Faveret, e Roberto Monteiro, que atuava como consultor. A ideia é trocar toda a diretoria da petroleira no futuro, de acordo com fontes do alto escalão do grupo EBX.

Segundo a Folha apurou, Eike disse a Carneiro e aos demais que encontrou um investidor disposto a colocar dinheiro na empresa, mas que ele faz questão da troca dos executivos.

Na visão de fontes próximas ao assunto, Carneiro está sendo demitido por ter exercido parcialmente a "put" (opção de compra de ações), solicitando que o empresário colocasse US$ 100 milhões na companhia. Eike se nega a fazer o aporte.

Carneiro também vinha se desentendendo com Ricardo K. Ele exigiu a demissão de Monteiro, que era o diretor financeiro da empresa. Os credores reagiram mal à decisão e mandaram uma carta à Eike cobrando explicações. Monteiro voltou então como consultor e foi demitido de novo.

Na semana passada, a petroleira anunciou demissão de 20% dos funcionários. Foram cerca de 60 trabalhadores, o equivalente a um quinto do seu quadro de 300 colaboradores.

Gabo Morales/Folhapress
O ex-presidente da OGX Luiz Carneiro durante enveto em São Paulo, em dezembro de 2012.
O ex-presidente da OGX Luiz Carneiro durante enveto em São Paulo, em dezembro de 2012.

CRISE

Os problemas da OGX começaram quando a companhia não entregou a produção que prometeu ao mercado.

Declarações de Eike, feitas no ano passado, informavam que a petroleira iria produzir 50 mil barris de petróleo por dia este ano.

A maior aposta da OGX, Tubarão Azul, na bacia de Campos, resultou em uma produção muito abaixo do esperado desde o início, registrando cerca de 5 mil barris diários, contra expectativa de 15 mil barris diários alardeado pela empresa.

Por problemas operacionais, não produziu uma gota de óleo em agosto. O campo deve ser desativado em 2014.

Além disso, a petroleira também desistiu de vários blocos que anunciava como comerciais (Tubarão Gato, Tubarão Tigre, Tubarão Areia) e devolveu 9 dos 13 blocos que comprou na 11ª rodada de licitações da ANP (Agência Nacional do Petróleo), em maio desse ano.

CALOTE

No início deste mês, dando sequência às notícias negativas, a OGX informou o mercado que optou por não pagar juros no valor de cerca de US$ 45 milhões como remuneração a bônus emitidos no exterior que venceriam no dia 1º deste mês.

A empresa informou que suspendeu o pagamento por 30 dias, período no qual continuará negociando com os credores.

REPUTAÇÃO

A derrocada do grupo motivou afirmações até de membros do governo. O ministro Guido Mantega (Fazenda) afirmou que o episódio afetou a reputação do país e tem prejudicado o desempenho da economia brasileira.

"A situação da OGX já causou um problema para a imagem do país e para a Bolsa da Valores que já teve uma deterioração de 10% por conta dessas empresas", disse ao participar de evento em São Paulo.


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