Folha de S. Paulo


Eike decide trocar negociadores em acordo com credores

O empresário Eike Batista promoveu uma reviravolta nas negociações com os credores da OGX. O processo está complicado e a empresa caminha rapidamente para a recuperação judicial.

Ele trocou os negociadores e pode alterar pontos relevantes da proposta de reestruturação da dívida, o que estressou ainda mais a relação com os credores, que inclui fundos como Pimco e BlackRock.

A recuperação judicial depende só da conversa com a malasiana Petronas, que havia se comprometido a comprar uma fatia em um campo de petróleo, mas desistiu.

A petroleira de Eike só tem caixa até o fim de outubro e já decidiu que não vai pagar os US$ 45 milhões de remuneração dos títulos, que vence na semana que vem.

A OGX já vem, inclusive, procurando bancos em busca de linhas de crédito específicas para empresas em recuperação judicial.

A negociação com os credores estava adiantada e uma proposta já havia sido colocada na mesa em uma reunião em Nova York.

Conforme antecipou a Folha, a petroleira propôs transformar os títulos da dívida em ações e pediu aos credores um novo aporte de pelo menos R$ 500 milhões.

Mas Eike foi convencido por seu novo assessor, Ricardo Knoepfelmacher, da Angra Partners, de que os executivos da OGX estavam "fazendo o jogo" dos credores.

O empresário resolveu demitir Roberto Monteiro, diretor financeiro da petroleira, que havia comandado a primeira apresentação formal da proposta aos credores.

A situação causou mal-estar com os credores, que enviaram uma carta de reclamação à Eike. Luiz Carneiro, presidente da OGX, ameaçou pedir demissão.

A OGX deve US$ 3,6 bilhões em títulos no exterior e US$ 900 milhões à OSX, referentes a indenização pelo cancelamento das encomendas de plataformas de petróleo.

O problema é que os ativos da empresa não valem as dívidas, o que já significa um forte calote aos credores. No fim do processo, os credores teriam 80% da OGX, enquanto Eike, o principal acionista da OSX, ficaria com 20%.

Segundo a Folha apurou, o empresário quer considerar só 25% do valor da dívida dos credores na hora da conversão em ações, porque o bônus já está sendo negociado a esse valor. Nesse caso, Eike teria uma fatia maior da empresa no fim do processo.


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