Folha de S. Paulo


Bolsa fecha em alta por OGX e construtoras; dólar tem menor nível desde julho

As ações da OGX e de construtoras sustentaram o principal índice da Bolsa brasileira, o Ibovespa, nesta terça-feira (17), que fechou em alta de 0,84%, a 54.271 pontos.

Os investidores, no entanto, permaneceram cautelosos com a possibilidade de um corte no programa de estímulo monetário do banco central dos Estados Unidos amanhã.

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"O mercado evitou tomar decisões de investimento antes do desfecho da reunião do Federal Reserve [banco central americano]", diz Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.

Para ele, os níveis dos principais índices de ações do mundo já consideram um corte no programa de recompra mensal de títulos do Fed. "Por isso, se a autoridade anunciar uma redução pequena no volume mensal de recompras [de US$ 85 bilhões], a nossa Bolsa não deve sofrer tanto", avalia.

O Federal Reserve, banco central americano, se reúne hoje e amanhã para discutir o futuro do programa de recompra mensal de títulos públicos nos EUA, adotado desde 2009 para injetar recursos na economia e estimular uma retomada.

São US$ 85 bilhões mensais desembolsados pelo Fed, que devem ser reduzidos gradualmente até o fim do programa, em meados de 2014, segundo a própria autoridade. Como parte desse dinheiro vira investimentos em outros países, especialmente nos emergentes, o corte no programa preocupa o mercado.

Segundo especialistas, diante de indicadores econômicos positivos da economia americana nos últimos meses, o Fed pode começar a cortar seu programa de estímulo já na reunião desta semana. As principais apostas são de um corte dos atuais US$ 85 bilhões mensais para US$ 70 bilhões mensais.

Outra preocupação do mercado é que, com o fim do programa, o próximo passo da autoridade monetária americana seria aumentar o juro básico dos EUA, atualmente perto de zero. Com isso, os títulos do Tesouro americano, que são remunerados por essa taxa e considerados de baixo risco, ficariam mais atraentes que investimentos nos mercados emergentes.

AÇÕES

Os papéis da OGX, petroleira de Eike Batista, fecharam o dia em alta de 5,26%, a R$ 0,40. O movimento ajudou a sustentar o ganho da Bolsa brasileira hoje, uma vez que essas ações representam mais de 4% do Ibovespa.

Também tiveram ganhos as ações do setor imobiliário e de construção, com destaque para PDG (+4,08%, R$ 2,55), Rossi Residencial (+3,77%, R$ 3,03) e Gafisa (+3,17%, R$ 3,58).

"As ações do setor de construção têm subido desde meados do mês passado, quando apresentaram seus resultados do segundo trimestre. Os números não vieram excepcionais, mas alimentaram boas perspectivas para o médio prazo. Houve retomada da geração de caixa e dos lançamentos. Isso deve continuar para os balanços do terceiro trimestre", diz Wesley Bernabé, analista do BB Investimentos.

Segundo Bernabé, outro motivo que impulsionou o bom desempenho das ações de construtoras hoje foi que esses papéis caíram fortemente desde o início do ano e, portanto, estavam muito baratos.

Entre as principais quedas do Ibovespa no dia, as ações da MMX, mineradora de Eike Batista, registraram perda de 3,41%, a R$ 1,70.

O movimento foi reflexo da possibilidade de a mineradora ser multada em R$ 1 bilhão, segundo matéria do jornal Valor Econômico publicada hoje, por não cumprir um contrato de transporte de minério de ferro firmado com a MRS Logística.

CÂMBIO

No câmbio, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou o dia em queda de 0,64% em relação ao real, cotado em R$ 2,257 na venda. É o menor valor desde 26 de julho deste ano, quando estava em R$ 2,251.

Já o dólar comercial, utilizado no comércio exterior, encerrou o dia com desvalorização de 1%, a R$ 2,260 --também no menor preço desde 26 de julho deste ano, quando estava em R$ 2,256.

"O dólar hoje ainda operou sob o efeito da notícia que foi divulgada ontem sobre a desistência de Lawrence Summers da disputa pelo comando do Federal Reserve (banco central dos Estados Unidos). Summers era o favorito do presidente americano, Barack Obama, e era visto como o candidato que tinha o maior desejo de retirar o programa de estímulo naquele país", diz Guilherme Prado, especialista em câmbio da Fitta DTVM.

Segundo especialistas, os estrangeiros venderam bastante dólar, o que influenciou na queda da cotação da moeda. A perspectiva de que com o fim do estímulo nos EUA possa haver uma elevação no juro básico naquele país motivou esse movimento.

"As intervenções do Banco Central do Brasil no mercado também ajudaram. Elas têm sido eficientes para conter a escalada do dólar, mas não devem evitar que a moeda americana volte a subir caso o Federal Reserve [banco central dos Estados Unidos] corte bastante o estímulo naquele país já nesta semana", afirma Prado.

O Banco Central realizou pela manhã dois leilões de swap cambial tradicionais, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro. A autoridade vendeu, ao todo, 50 mil contratos com vencimentos entre fevereiro e outubro de 2014, por US$ 2,462 bilhões.

Um dos leilões do BC hoje estava previsto pelo plano da autoridade para conter a escalada do dólar. O programa do BC --que começou a valer em 23 de agosto-- prevê a realização de leilões de swap cambial tradicionais de segunda a quinta, com oferta de US$ 500 milhões em contratos por dia, até dezembro.

Às sextas-feiras, o BC oferecerá US$ 1 bilhão por meio de linhas de crédito em dólar com compromisso de recompra -mecanismo que pode conter as cotações sem comprometer as reservas do país.


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