Folha de S. Paulo


Bolsa fecha perto da estabilidade à espera de reunião do BC americano; dólar cai

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, fechou perto da estabilidade nesta segunda-feira (16), com os investidores aguardando a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) nesta quarta-feira antes de assumir uma posição. Ao fim da sessão, o índice teve leve alta de 0,04%, aos 53.821 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 9,36 bilhões.

Segundo Mitsuko Kaduoka, diretora de análise de investimento da BI&P Corretora, a Bolsa deve seguir volátil até a reunião do FOMC (comitê de política monetária do BC americano). Na ocasião, o presidente do Fed, Ben Bernanke, deve sinalizar quando a autoridade monetária americana vai retirar os estímulos econômicos que adotou em 2009. Todos os meses, o Fed recompra US$ 85 bilhões em títulos públicos para estimular a economia americana. Parte do dinheiro vira investimentos em outros países, inclusive no Brasil.

"Os investidores adotaram uma postura de cautela, aguardando alguma novidade em relação à política de estímulos do Fed", afirma Mitsuko.

Outra notícia envolvendo o Fed movimentou os mercados mundiais nesta segunda-feira. Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro americano, anunciou no domingo à noite que abandonaria a disputa pela presidência do Fed. Summers é considerado inflexível com os mercados e era favorável à retirada dos estímulos econômicos.

Com a saída de Summers do cenário, a aposta é que a atual vice-presidente do Fed, Janet Yellen, assuma o posto de Ben Bernanke à frente do BC americano. Yellen é menos propensa ao fim dos incentivos neste momento.

VENCIMENTO DE OPÇÕES

O dia foi marcado também pelo vencimento de opções sobre ações, que movimentou um total de R$ 3,55 bilhões, sendo R$ 2,95 bilhões em opções de compra e R$ 0,60 bilhão em opções de venda. Esses papéis apontam as apostas dos investidores sobre o preço futuro das ações. De acordo com Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Título Corretora, o volume não foi tão expressivo quanto o esperado. "Quem apostava em baixa do mercado acabou sendo exercido [ou seja, teve que vender as ações]", diz.

O perfil do investidor que está na Bolsa também contribuiu para esse resultado, afirma Cardoso. "Quem está na Bolsa hoje corre para realizar lucro muito rápido. São investidores de curtíssimo prazo", diz.

Entre as maiores altas, as ações preferenciais da Oi (com direito a voto) tiveram a valorização mais expressiva, com avanço de 3,92%. Os papéis da Hering subiram 3,83% e os da empresa de logística LLX tiveram alta de 2,98%, após a empresa ter assinado contrato com o grupo EIG envolvendo investimento de R$ 1,3 bilhão na companhia, por meio de um aumento de capital.

No sentido contrário, os papéis da mineradora MMX perderam 6,88%, enquanto os da Rossi Residencial tiveram queda de 4,58% e os da Gol sofreram desvalorização de 4,49%.

DÓLAR

O dólar à vista, referência no mercado financeiro, fechou o dia em baixa de 0,41% ante o real, em R$ 2,271. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, teve leve alta de 0,04%, a R$ 2,283.

Para Guilherme Prado, especialista em câmbio da Fitta DTVM, a principal notícia por trás do comportamento do dólar hoje foi a desistência de Summers, o que provocou a desvalorização não só da divisa brasileira.

"O mercado agora trabalha com a hipótese de que na reunião do Fed não haverá forte retirada dos estímulos, talvez algum valor simbólico, como US$ 5 bilhões ou US$ 10 bilhões [dos US$ 85 bilhões]", afirma.

Daniel Moreli, superintendente de tesouraria do Banco Indusval & Partners, esperava que outras notícias tivessem influência na moeda americana, como o fracasso do leilão da BR 262 MG-ES e a alta da inflação. "Achei que a moeda vinha com tendência de alta. No entanto, dificilmente vai sair desse patamar de R$ 2,28 enquanto não houver nenhuma novidade envolvendo a retirada de estímulos do Fed", diz.

O BC realizou pela manhã a venda de 10 mil contratos de swap cambial (que equivale à venda de dólares no mercado futuro), no valor de US$ 496,9 milhões. O leilão de hoje é previsto pelo plano da autoridade para conter a escalada do dólar.

O Banco Central também realizou leilões de 40 mil contratos de swap cambial tradicional, para a primeira etapa da rolagem de contratos que vencem em 1º de outubro. No leilão de rolagem, os contratos foram distribuídos entre os vencimentos de 1º de abril de 2014, 1º de julho de 2014 e 1º de outubro de 2014. O valor financeiro final ficou em US$ 1,964 bilhão.

O programa do BC --que começou a valer em 23 de agosto-- prevê a realização de leilões de swap cambial tradicionais, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro, de segunda a quinta, com oferta de US$ 500 milhões em contratos por dia, até dezembro.


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