Folha de S. Paulo


Bolsa mantém alta em sintonia com exterior; dólar reduz queda

A Bolsa brasileira mantém viés de alta nesta segunda-feira (16), animada com a notícia de que Lawrence Summers, ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, retirou sua candidatura à presidência do Fed (Federal Reserve, banco central americano). Às 12h58, o Ibovespa, principal índice da Bolsa, subia 0,60%, a 54.123 pontos.

Summers era o favorito para substituir o atual mandatário do BC americano, Ben Bernanke, mas era visto com desconfiança pelos mercados internacionais, principalmente os emergentes, por sua posição favorável à retirada dos estímulos econômicos adotados desde 2009.

O Fed realiza compras mensais de US$ 85 bilhões em títulos do governo como forma de impulsionar a economia americana. Parte desse dinheiro vira investimentos em outros países, inclusive no Brasil. Amanhã o BC americano dá início a uma reunião que pode indicar aos investidores quando o programa de recompra de títulos começará a ser retirado.

"O foco hoje é na desistência do Summers, que tem provocado efeito no câmbio, na curva de juros e na Bolsa", diz Bruno Gonçalves, analista da corretora Wintrade.

Em relatório, o Standard Bank menciona que a saída de Summers deve abrir caminho para a atual vice-presidente do Fed, Janet Yelle. "Há outros nomes que foram mencionados, como Don Kohn (ex-vice-presidente do Fed), mas nós agora achamos que Yellen vai conseguir a aprovação e, diferentemente de Summers, não deve enfrentar problemas no processo de confirmação", indica o documento.

Segundo a Fator Corretora, a falta de apoio do Congresso ao nome de Summers pesou na decisão do ex-secretário do Tesouro de abandonar a disputa.

Hoje é dia de vencimento de opções sobre ações na Bolsa (quando vencem papéis que equivalem às apostas dos investidores sobre o preço futuro das ações), o que deve movimentar o pregão e aumentar o volume financeiro negociado.

DÓLAR

O dólar diminui sua desvalorização perante o real nesta segunda-feira. Às 12h55, o dólar à vista, referência no mercado financeiro, caía 0,24%, a R$ 2,274. O dólar comercial, usado no comércio exterior, tinha queda de 0,21%, a R$ 2,277.

Para Guilherme Prado, especialista em câmbio da Fitta DTVM, a saída de Summers faz com que todas as Bolsas do mundo subam e que o dólar perca valor não só no Brasil, mas ante outras divisas internacionais.

"O mercado agora trabalha com a hipótese de que na reunião do Fed não haverá forte retirada dos estímulos, talvez algum valor simbólico, como US$ 5 bilhões ou US$ 10 bilhões (dos US$ 85 bilhões)", afirma.

O BC realizou pela manhã a venda de 10 mil contratos de swap cambial (que equivale à venda de dólares no mercado futuro), no valor de US$ 496,9 milhões. O leilão de hoje é previsto pelo plano da autoridade para conter a escalada do dólar.

O Banco Central também realizou leilões de 40 mil contratos de swap cambial tradicional, para a primeira etapa da rolagem de contratos que vencem em 1º de outubro. No leilão de rolagem, os contratos foram distribuídos entre os vencimentos de 1º de abril de 2014, 1º de julho de 2014 e 1º de outubro de 2014. O valor financeiro final ficou em US$ 1,964 bilhão.

O programa do BC --que começou a valer em 23 de agosto-- prevê a realização de leilões de swap cambial tradicionais, que equivalem à venda de dólares no mercado futuro, de segunda a quinta, com oferta de US$ 500 milhões em contratos por dia, até dezembro.


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