O ambiente lembrava um estádio em dia de show de rock ou de final de campeonato: bandeiras em punho, filas intermináveis e uma legião de fãs uniformizados no limite do êxtase.
O evento que superlotou um auditório em Pequim foi a apresentação dos novos produtos da Xiaomi, conhecida como a "Apple chinesa".
Foi também a estreia do brasileiro Hugo Barra. Na semana passada, ele surpreendeu o mundo da tecnologia ao deixar a diretoria de Android do Google para ser o vice-presidente global da Xiaomi.
Na empresa chinesa, vestir a camisa não é só figura de linguagem. Barra e todos os funcionários da Xiaomi trajavam uma camisa preta, com o logotipo da firma.
A mesma camisa usada no palco pelo bilionário dono da empresa, Lei Jun, 43, que repetiu o figurino completado com um jeans desbotado que reforçou seu apelido de "Steve Jobs chinês".
A cada novidade exibida por Lei em um telão, no estilo do fundador da Apple, a plateia reagia com gritos.
"É coisa de outro mundo", disse Barra à Folha no fim do evento, enquanto caminhava no meio da multidão e recebia pedidos de autógrafo.
Dizendo-se "muito animado" com a mudança para a Xiaomi, que em três anos de existência virou uma das sensações do mercado chinês, Barra, 36, destacou a combinação que ele considera o segredo do sucesso da empresa: "Apresentação, qualidade e preço justo".
Pouco antes, Barra subira ao palco para ser apresentado por Lei. O brasileiro arriscou algumas palavras em chinês e deu o recado que resume sua missão de fazer da Xiaomi uma marca
global.
"É hora de o mundo inteiro conhecer a Xiaomi", disse Barra. A marca só está disponível na China e em Taiwan.
Diante de fãs eletrizados, que pagaram R$ 80 por um ingresso para vê-lo de perto, Lei apresentou as novas estrelas da Xiaomi: um smartphone de última geração a R$ 785 e uma "Smart TV" de 47 polegadas por R$ 1.176, metade dos preços da concorrência.
Whang Zhao/AFP | ||
Lei Jun, o 'Steve Jobs chinês', e Hugo Barra, na Xiaomi |