Folha de S. Paulo


TV via satélite chega a movimentar R$ 500 milhões ao ano

As transmissões de TV aberta via satélite por empresas sem emissoras são um negócio rentável, sobretudo para as produtoras de vídeo especializadas no agronegócio.

Estima-se que, juntas, elas faturem R$ 500 milhões ao ano, quase 4% da receita das Organizações Globo (incluindo a TV Globo) em 2012. No período, a receita líquida do SBT foi de R$ 870 milhões.

Empresas driblam lei para transmitir TV via satélite

Até o frigorífico JBS, da J&F, entrou no ramo. A Folha apurou que, em 2012, o grupo pagou R$ 100 milhões pelo Canal Rural à rede RBS. No momento da transação, o canal faturava R$ 50 milhões com a transmissão de eventos como leilões de gado.

Ainda segundo apurou a reportagem, a estratégia da JBS é firmar a marca e atrair clientes para o Banco Original, voltado a financiar o agronegócio. Procurado, o JBS não quis se pronunciar.

Seus concorrentes são o Terra Viva, da Rede Bandeirantes, e o Canal do Boi, líder de audiência que pertence ao SBA (Sistema Brasileiro do Agronegócio), dono ainda do ConexãoBR, do Novo Canal e do Agro Canal.

O grupo diz concentrar metade da receita do segmento.

O SBA não revela o faturamento, mas informa que, em média, os canais cobram R$ 45 mil por transmissão de leilão de gado. Anualmente, há cerca de 1.200 leilões.

Além disso, vende espaço publicitário. No início do ano, experimentou alugar a grade à programação da Igreja Internacional da Graça de Deus, do pastor R.R. Soares.

Segundo dados do Ministério das Comunicações e da Anatel, esses canais não têm outorga de rádio ou TV.

OUTRO LADO

Diferentemente do que diz a Abert, associação das emissoras de rádio e TV, os canais não consideram que façam radiodifusão via satélite.

"Radiodifusão é um serviço que exige outorga", disse Evandro Guimarães, ex-diretor da Globo hoje à frente do Terra Viva, no Grupo Bandeirantes. "A transmissão no satélite é de ponto a ponto. Isso não é radiodifusão."

Com ele concorda Edgar Diniz, fundador do TV Esporte Interativo. Destinado a transmitir jogos de futebol na internet, o canal passou à TV paga e achou no satélite sua via de expansão, chegando a 22 milhões de domicílios.

"Hoje, 40% da audiência vem do satélite", disse Diniz.

O sucesso do TV Esporte Interativo levou a americana Turner, dona do Cartoon, do TNT e da CNN, a pagar R$ 80 milhões por 20% do canal brasileiro -que também não tem outorga de radiodifusão.

Até o Corinthians mantinha a TV Corinthians com sinal aberto no satélite. Procurado, o time informou que o canal passa por reformulação e está com sinal fechado.

TVs corporativas de bancos, supermercados e escolas preparatórias também abrem a programação no satélite.

Ainda segundo o cadastro da Anatel e do ministério, nenhuma é radiodifusora.

A situação se repete com Polishop, Shoptime e Mil e Uma Noites, que vendem produtos pela TV, de toalhas de banho a joias.

Juntos, esses canais ocupam quase o mesmo espaço nos satélites da programação de canais educativos, como a TV Cultura e a TV E-Paraná.


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