Folha de S. Paulo


'Só um idiota não investiria no Brasil', diz empresário chinês

Chongqing é o maior e mais populoso dos quatro municípios da República Popular da China que possuem o status de Província.

A cidade abriga a fábrica da Lifan, marca chinesa que está reestruturando sua operação no Brasil.

Entre 2010 e 2012, a marca foi representada no país pelo Grupo Effa. Cerca de 4.000 unidades do hatch compacto 320 e do sedã médio 620 foram comercializadas no período, ambos montados no Uruguai.

Os chineses assumiram as operações em novembro de 2012, e agora preparam o lançamento de cinco novos automóveis no país, como a picape Foison e o sedã compacto 530. Alguns dos modelos serão montados no Uruguai.

Em entrevista à Folha, Yin Mingshan, presidente do grupo Lifan, fala dos planos de crescimento da marca no Brasil e da atuação dos concorrentes chineses.

Folha - Qual é a expectativa de vendas no Brasil? A marca pretende ser líder entre as chinesas instaladas no país?

Yin Mingshan - O mercado brasileiro é enorme, temos potencial para logo atingir 20 mil unidades por ano.

Essa previsão já é válida para o próximo ano?

Como 2014 será o primeiro ano completo da nova fase da Lifan no país, pretendemos alcançar algo entre 12 mil e 15 mil unidades comercializadas. Haverá diversos lançamentos nesse período.

É um cálculo otimista, pois as outras marcas chinesas estão longe de chegar a esses volumes no Brasil.

Tenho acompanhado as dificuldades das outras marcas. Os fabricantes da China têm sucesso em muitos países, mas talvez não tivessem informações suficientes sobre o Brasil.

Houve erros de avaliação?

Os consumidores brasileiros são totalmente diferentes dos chineses, é preciso conhecer bem o mercado para definir os investimentos.

A exemplo da Chery e da Geely, a Lifan tem linha de montagem no Uruguai. Por que a predileção por esse país?

A fábrica já pertencia ao antigo parceiro da Lifan, que não vinha fazendo um bom trabalho. Para salvar a imagem da marca, resolvemos manter o compromisso e reassumir a operação. E ao produzir no Uruguai, estamos ao lado do Brasil, país que queremos conhecer mais.

Há chances de haver uma fábrica também no Brasil?

Teremos de fazer novos investimentos no Uruguai para alcançar o conteúdo local exigido pelo acordo bilateral, que deve chegar a 60%. Por isso, não investiremos em produção no Brasil neste momento.

Mas é uma possibilidade futura?

Se o negócio apresentar boa capacidade de expansão, sim. O Brasil é o quarto mercado do mundo no setor automotivo, só idiotas não investiriam lá.


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